Matéria do Jornal O Amigo do Povo, nº1, Março/Abril/Maio de 2022.
por Érico.
Em novembro de 2019 foi anunciado no município de Valparaíso de Goiás, na área metropolitana de Brasília, a instalação de uma empresa de Call Center que criaria inicialmente 500 postos de trabalho para a população no município. A empresa BR BPO, especializada em recursos de infraestrutura para TI obedece a um seguimento de “Terceirização do Processo de Negócios”, tradução da sigla em inglês BPO, baseada na lógica de ampliação da produtividade e do lucro para as empresas privadas envolvidas.
Contando com outra unidade no Distrito Federal, no Shopping Florida Mall, no Guará I, a empresa atende a denúncias dos canais 100 e 180, serviço essencial para as populações vulneráveis que sofrem violências domésticas, sexuais, de intolerância, racismo e discriminação e outras formas de violação dos Direitos Humanos. O serviço é vinculado ao Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos, chefiado por Damares Alves.
Denúncias de trabalhadoras e trabalhadores da empresa localizada no Shopping Paraíso Mega Center, em Valparaíso de Goiás circularam as redes sociais. As denunciantes relatam que a empresa do município goiano contratou trabalhadores para as mesmas funções de atendimentos nos canais disque-denúncia com valores inferiores no salário e vale-alimentação àquele pago aos trabalhadores da unidade no Distrito Federal. Outras queixas são de inúmeros casos de assédio moral, demissões arbitrárias e adoecimento mental.
A situação de precarização do trabalho prestado se agrava quando perante às dificuldades da categoria os sindicatos oficiais SINTTEL e SINDINFORMÁTICA não se mobilizam para combater as explorações e injustiças. As demissões e pressões para que as trabalhadoras e trabalhadores atendam ao maior número de chamadas possíveis aumentaram principalmente quando foi adotado o regime de trabalho remoto durante a pandemia.
Surgiram então inúmeros casos de adoecimento da mente e do corpo, enquanto o apoio psicológico prestado pela empresa era falho e não atendia a real necessidade das trabalhadoras e trabalhadores que atendiam todos os dias casos de violências graves e outras queixas contra os direitos humanos.
A organização da categoria em sindicatos e federações combativas e autônomas se mostra mais que necessário. O Sindicato Geral Autônomo (SIGA-DF) realizou campanha em solidariedade às trabalhadoras e trabalhadores da empresa que denunciaram o caso, incentivando a auto-organização e o enfrentamento frente às explorações feitas ao povo. ■