Publicado no Jornal O Amigo do Povo, nº14, Agosto/Setembro/Outubro de 2025.
Aurora.

No dia 18/06 Padre Bernardo, entorno do Distrito Federal, vivenciou uma das maiores tragédias ambientais da nossa história, o lixão Ouro Verde desmoronou. O desabamento deslocou toneladas de lixo que desceram para os rios, atingindo o Córrego Santa Bárbara e o Rio do Sal e chegando até o Rio Maranhão, a 50km do local do desmoronamento. O chorume despejado nos rios é altamente prejudicial a saúde, mata a fauna, causa prejuízos a flora, além de pôr em risco a vida dos moradores das região vizinhas.
Os pequenos agricultores da região estão privados do acesso à água dos rios, que era utilizada para abastecimento interno, para irrigação e até para a manutenção dos tanques de piscicultura, o que tem afetado a produção local e consequentemente o sustento dessa população. Os moradores fizeram protestos denunciando a falta de ação efetiva e rápida por parte da empresa e do governo, denunciam o odor forte, a proliferação de moscas e a preocupação com o abastecimento de água.
A tragédia era anunciada, segundo o Ministério Publico de Federal e o MP de Goiás o aterro privado funcionava apenas em decorrência de liminares concedidas pelo TRF. O lixão, localizado em área de preservação ambiental, não contava com licença ambiental.
Com a chegada da seca a situação tende a piorar, já em 25/07 houve princípios de incêndio na região, o que causa preocupação visto que o material derramado é altamente tóxico e pode contribuir para a proliferação do fogo. A Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Goiás (SEMAD-GO) denunciou a inércia da empresa em resolver a situação, que apresentou um plano de trabalho sem viabilidade e sem um responsável técnico para sua implementação.
Diante desse quadro alarmante pouca atenção tem sido dada a situação. O Distrito Federal, que fornecia importantes “clientes” para o lixão ilegal (mais de 250 empresas enviavam resíduos para local, por orientação do SLU!) não foi impactado diretamente, o abastecimento de água segue normal e os demais malefícios da tragédia estão longe dos olhos, talvez por isso não haja uma comoção por parte das ONGs e órgãos ambientais da capital. Nenhum protesto em solidariedade marcado, nem ao menos notas foram redigidas. Enquanto no DF a normalidade permanece o Entorno segue sendo zona de sacrifício, sofrendo sem ter a sua voz ouvida. Não nos calemos diante dessa tragédia, dessa injustiça. Toda solidariedade aos atingidos pelo desmoronamento do lixão! ■
