Publicado no Jornal O Amigo do Povo, nº15, Novembro/Dezembro de 2025.
Jiren D.

A crise política e social que atravessa o país escancara, mais uma vez, o caráter hipócrita da chamada “democracia brasileira”. Enquanto os deputados discutem em Brasília a anistia e a blindagem de seus próprios crimes — corrupção, destruição ambiental e ataques sistemáticos às liberdades populares — o Estado segue prendendo, reprimindo e assassinando quem luta e quem trabalha para sobreviver.
A contradição entre “democracia” e “ditadura”, repetida pelos blocos dominantes, é apenas um disfarce conveniente. Sob o manto democrático, opera uma verdadeira ditadura contra o povo pobre e trabalhador. De um lado, juízes, parlamentares e empresários seguem impunes, blindados por um sistema feito para proteger os seus crimes. De outro, mães e pais de família são encarcerados por “crimes famélicos”, ambulantes são perseguidos nas ruas, e militantes populares são presos e criminalizados por lutar por moradia, terra e dignidade.
O caso do companheiro Edson, do Movimento de Resistência Popular (MRP) em Brasília, preso e perseguido por lutar por moradia digna, é exemplo vivo da criminalização das lutas sociais. O mesmo ocorre nos campos, onde o sangue do povo segue sendo derramado. Nos últimos anos, dezenas de camponeses organizados pela Liga dos Camponeses Pobres (LCP) foram assassinados no Norte e no Nordeste do país. Em Rondônia, Pará e Maranhão, a violência agrária voltou a níveis alarmantes: invasões, despejos e massacres realizados com o apoio direto das forças policiais e do latifúndio armado.
De acordo com relatórios de organizações internacionais, o Brasil é o país que mais mata ambientalistas no mundo, com mais de 170 assassinatos registrados nos últimos cinco anos. São lideranças indígenas, ribeirinhas e camponesas que tombam defendendo a terra, a floresta e a vida. A impunidade reina, e o Estado se cala — quando não participa ativamente dos crimes.
Essa é a democracia dos ricos: um regime que garante liberdade para os exploradores e prisão ou morte para os explorados. Enquanto o sistema judiciário se move a passos lentos para julgar os grandes crimes de corrupção, milhares de pobres seguem presos sem julgamento, esquecidos nas cadeias. São jovens negros das periferias, trabalhadores informais e camponeses que ousaram enfrentar a fome e a miséria.
Na semana em que o país testemunhou uma das maiores chacinas da história, com mais de 130 mortos no Rio de Janeiro, o Grupo Libertação Popular (GLP) levou sua agitação política às ruas das periferias do Distrito Federal — especialmente em Ceilândia e Sol Nascente — colando centenas de cartazes e levantando as palavras de ordem:
“Anistia para o Povo Pobre e Trabalhador!”, “DF Legal, inimigo do povo!” e “Chega de violência do Estado!”
Essas ações populares denunciam a farsa da democracia burguesa: não existe democracia verdadeira quando o povo vive sob ocupação policial, quando trabalhadores são espancados por vender nas ruas, quando comunidades são removidas à força, quando cada protesto é tratado como ameaça. A cada nova “lei de segurança”, crescem a repressão e o medo, enquanto o povo segue sendo a principal vítima do Estado.
O mercado de trabalho, igualmente, funciona como uma prisão moderna: subempregos, jornadas exaustivas e salários de miséria são a regra. Não há liberdade de organização, expressão e reivindicação para os trabalhadores precarizados. A democracia burguesa e o mercado são duas faces de um mesmo sistema de opressão, que explora o corpo e a alma do povo para sustentar o luxo dos poucos que mandam.
A campanha “Anistia para o Povo Pobre e Trabalhador” é, portanto, um chamado à organização e à luta. A anistia que defendemos não é para os corruptos e engravatados, mas para os pobres condenados por lutar e sobreviver. É pela liberdade das mães e pais presos por fome, dos militantes perseguidos e dos camponeses criminalizados por lutar pela terra.
Só a organização independente das massas populares, baseada no apoio mútuo, na solidariedade de classe e na ação direta, pode enfrentar essa ditadura burguesa e fazer o medo mudar de lado. É hora de transformar a dor em força, a humilhação em coragem, a repressão em resistência.
Chega de chacina e violência do Estado!
Anistia para o Povo Pobre e Trabalhador!
O medo vai mudar de lado!







