Matéria do Jornal O Amigo do Povo, nº2, Junho/Julho/Agosto de 2022.
Por Antônio “Galego”
No dia 27 de julho de 1912 nasceu José Porfírio de Souza no município Pedro Afonso (TO). Porfírio viveu em sua terra natal até se casar com Rosa Amélia de Farias, baiana de Remanso, com quem teve nove filhos. No fim da década de 1940, mudou-se para o norte de Goiás, influenciado pela campanha Marcha para o Oeste.
Após não conseguir ficar na Colônia Agrícola Nacional de Goiás (CANG), Zé Porfírio se muda pra região dos povoados Trombas e Formoso. Lá residiam milhares de posseiros. No início da década de 1950, com a construção da Belém-Brasília (hoje BR-153) e os planos da nova capital, as terras se valorizam e os camponeses sofrem a violência de latifundiários que querem roubas suas terras. Mas os camponeses estão decididos a resistir.
Em 1954 o Partido Comunista inicia a militância nos povoados apoiando a luta camponesa, momento que Zé Porfírio se filia ao partido. A partir do armamento da população local, da tática guerrilheira e da campanha de apoio aos posseiros (especialmente em Goiânia), a vitória é alcançada, expulsando os grileiros, jagunços, policiais e demais órgãos do Estado dos povoados.
Durante uma década (1954 à 1964) Trombas e Formoso foram “território livre”, com a auto-organização popular em conselhos de córregos e na Associação de Lavradores, com a garantia da terra aos que trabalham, sem interferência de órgãos estatais (polícia, justiça, etc.). Se tornou um exemplo e um foco da luta camponesa combativa.
Em 1962 Porfírio se lança candidato à deputado em Goiás e vence. Mas as eleições não o cegam. Segue defendendo a necessidade da revolução, se vinculando também às Ligas Camponesas. Às vésperas do golpe militar de 1964, avalia:
“Eu queria denunciar o golpe em marcha, apelar para o povo se armar e organizar a resistência, mas os promotores do congresso me pediram que fizesse um discurso água com açúcar, falando em paz quando a guerra está declarada, falando em legalidade quando metralhadoras e fuzis são estocados pelos latifundiários nos porões das associações rurais.”
O camponês revolucionário entrará para a 1ª lista de procurados da ditadura. Zé Porfírio será preso e desaparecido em 7 de junho de 1973. Os povoados de Trombas e Formoso sofreram invasão militar, perseguições, assassinatos e torturas. A memória do Zé Porfírio e da revolta de Trombas e Formoso seguem vivas em nossas lutas! ■