Matéria do Jornal O Amigo do Povo, nº6, Julho/Agosto/Setembro de 2023.
Antonio Galego
Nenhum pneu queimado, nenhuma agitação em quartel ou qualquer alarde de setores da burguesia nacional ou internacional, assim foi sentenciada por um órgão máximo da justiça burguesa (TSE) a inelegibilidade de Jair Messias Bolsonaro até 2030, um “mito” para alguns, um “facínora” para outros. O motivo? Pífio. Tamanha semelhança política não poderia ser maior do que os motivos e a impotente mobilização quando do impeachment de Dilma e da prisão de Lula.
O fato é que uma peça está fora (temporariamente) do tabuleiro eleitoral. Quem o colocou pra fora não foi o movimento popular, mas um órgão máximo da justiça burguesa, com a anuência dos demais poderes constitutivos do Estado, inclusive da própria direita conservadora e ultraliberal. A burguesia que apoiou Bolsonaro vê seus interesses econômicos e políticos satisfeitos e continuados pela política do atual governo Lula/Alckmin. Esse é o fato. Não há (para o povo) nenhuma vitória aí.
Analisando tal decisão frente aos grandes desafios do nosso povo hoje, onde Bolsonaro já perdeu as eleições, não é governo, tal decisão só pode se tornar uma “cortina de fumaça” para requentar artificialmente a polarização política entre Lulismo x Bolsonarismo. Fortalece a ideologia lulista e liberal-republicana do governo atual. De fato, não garante em nada que o futuro da classe trabalhadora será melhor ou “menos pior”.
Que a esquerda governista (PT, PCdoB, PSOL, etc.) comemore nas redes sociais como uma “vitória” já é o esperado do seu jogo em defesa do sistema. Mas que setores anarquistas, sindicalistas revolucionários, socialistas entrem na agenda lulista de comemorações, requentando um “fora Bolsonaro” a reboque das instituições burguesas é realmente uma incidência criminosa no erro, independente do tom mais “radical” que se dê a essas comemorações (“inelegível é pouco”, etc.). O que precisamos hoje é uma oposição forte, classista e combativa ao governo atual e de luta contra as classes dominantes, com greves e protestos pelas reivindicações populares e contra a exploração capitalista. ■