A praça do Buriti amanheceu na quinta-feira (19/09) com os gritos do primeiro protesto dos Educadores Sociais do Distrito Federal. Marcada há vários dias, a paralisação e manifestação começou às 9:30 chegando a reunir cerca de 500 pessoas. Iniciou com falas no carro de som, onde os trabalhadores denunciaram as péssimas condições de trabalho, desvios de função, atrasos no pagamento, salários de miséria (R$ 40 por turno!), entre outras situações de exploração que os mais de 6 mil educadores sociais “voluntários” passam diariamente nas escolas públicas do DF.
A manifestação foi conduzida pela jovem Associação dos Educadores Sociais do Distrito Federal, ainda em processo de estruturação, mas contando já com um crescente apoio e entusiasmo por parte dos trabalhadores. Existe por parte de alguns educadores sociais a preocupação de evitar a burocratização típica do sindicalismo atual, organizando a Associação com representantes eleitos em cada regional.
O também recém criado Grupo Libertação Popular (GLP) esteve presente na manifestação fortalecendo a luta. A fala de um dos membros do GLP no carro de som ressaltou a importância dos trabalhadores contarem com suas próprias forças, se organizando e mobilizando cada vez mais, com independência, sem cair em ilusões de que políticos e negociações de gabinete irão resolver seus problemas. Também foram distribuídos centenas de panfletos.
A manifestação deu a volta na praça e se dirigiu para a Câmara Legislativa. No caminho o protesto dos educadores se encontrou com o pessoal da Saúde em greve, um momento auge onde todos gritaram juntos “Saúde e Educação!”. Depois seguiu para a Câmara Legislativa onde uma comissão dos trabalhadores foi recebida e protocolou as pautas de reivindicação e exigências da categoria. O protesto terminou por volta de meio dia, com grande ânimo de continuar a luta.
Por fim, é importante falar também que no mesmo dia a diretora do SindSaúde foi detida pela PMDF sob a acusação de “ocupação de via pública”. Isso deixa claro que a política atual dos governos além de tirar nossos direitos trabalhistas, também é tirar nosso direito de protesto (ver mais aqui). Sabemos que os protestos que fecham ruas, greves que param a produção ou as ocupações de órgãos públicos, tem uma maior força de pressão. Os direitos que temos hoje foram conquistados com suor e sangue da nossa classe, não foram dados de “mãos beijadas” ou por “convencimento” dos ricos e poderosos. Por isso, nós devemos rejeitar essa repressão estatal aos que lutam (afinal ela cedo ou tarde se voltará contra nós mesmos), assim como defender as diversas formas justas de luta e revolta da classe trabalhadora como único meio de modificar a nossa dura realidade.
Educador não é otário, ô GDF valoriza o meu trabalho!
Avante a luta e a organização dos Educadores Sociais!
- Leia abaixo (ou PDF) o panfleto distribuido pelo Grupo Libertação Popular:
AVANTE EDUCADORES SOCIAIS!
POR DIREITOS E CONDIÇÕES DE TRABALHO DIGNAS!
Com mais de 6 mil Educadores Sociais atuando de forma voluntária, a educação pública do Distrito Federal apresenta mais uma face de sua precarização. Os Educadores Sociais são responsáveis por auxiliar diversas atividades no dia a dia escolar, como auxílio em sala de aula, atividades de recreação, locomoção, refeição e higienização, em especial de alunos com transtornos funcionais específicos e deficiências físicas, mentais, visuais e auditivas.
Segundo os dados do Instituto de Pesquisa e Estatística do Distrito Federal (IPDEF) 80% dos Educadores Sociais são mulheres, enquanto 14,8% são homens. Destes, 55% se identificaram na pesquisa como pardos, 24,8% como brancos e 17,3 como pretos, e 0,5% indígenas. Em termos de emprego 57% dos entrevistados não possuem outra ocupação além de educador social e buscam nesta atividade uma forma de garantir alguma renda. Muitos candidatam-se por falta de oportunidade de trabalho em sua área de formação, em especial pela falta de vagas em concursos da Secretaria de Educação. Em retorno aos trabalhadores, é oferecido apenas uma ajuda de custo (R$ 40,00 por turno de trabalho!), sem estabilidade ou segurança e sem perspectivas de crescimento profissional.
As principais demandas dos Educadores Sociais são a falta de garantias de direitos trabalhistas, criação de cargos efetivos com a função a eles empregadas, reconhecimento e valorização desta profissão, e melhores condições de trabalho, que incluem espaços, materiais e recursos adequados para a o atendimento aos estudantes.
Nós do Grupo Libertação Popular nos solidarizamos com a luta dos Educadores Sociais, e fazemos coro às reivindicações que são mais que justas e necessárias. Conclamamos os trabalhadores a se organizarem e se unirem cada vez mais, com assembleias democráticas com voz e poder da base, com independência de partidos e governos e confiantes que a mobilização dos trabalhadores é o melhor caminho para conquistar os nossos direitos.
Abaixo a precarização! Respeito aos trabalhadores e incorporação já de suas funções aos quadros efetivos nas escolas do Distrito Federal!