Eleições de 2024 e a perspectiva classista: análise crítica da democracia burguesa e o caminho para uma alternativa popular

Publicada no Jornal O Amigo do Povo, nº11, Novembro/Dezembro de 2024.

Jiren D.

Em outubro de 2024, ocorreram no Brasil as eleições da democracia burguesa para prefeitos e vereadores. O processo eleitoral foi marcado por uma polarização intensa e também por um racha na direita, exemplificado pela candidatura de Pablo Marçal em São Paulo e pela disputa entre os candidatos de Bolsonaro e Caiado em Goiânia.

De uma perspectiva classista, uma análise crítica vai além dos números e votos, considerando os atores sociais envolvidos, como partidos políticos, frações da burguesia e representantes dos diferentes interesses do capital. Essa análise ajuda a entender como a estrutura político-econômica influenciou o pleito e moldou a disputa eleitoral burguesa.

No geral, as eleições marcaram um fortalecimento do chamado “Centrão”, com partidos como PSD, MDB e PP sendo os que elegeram mais prefeitos, com 887, 856 e 747, respectivamente. A vitória da “centro-direita” pode ser analisada pela força das emendas e do orçamento secreto do Congresso, o que mostra a influência da máquina pública nas eleições. O PL de Bolsonaro elegeu quatro prefeitos em capitais, enquanto o PT elegeu apenas um, ficando bem abaixo da expectativa para um partido que controla a máquina pública federal, mostrando uma previa das prováveis chapas das eleições presidenciais em 2026, com enfraquecimento do PT e provável racha da direita que deve ter uma candidato bolsonarista e um do “centrão”.

As eleições também registraram um alto índice de abstenção: quase 10 milhões de eleitores não compareceram no segundo turno, e o índice de abstenção nacional foi de 29,26%. Os estados com maior abstenção foram Goiás, com 34,43%; Espírito Santo, com 33,17%; e Rio Grande do Sul, com 32,43%. Esses números reforçam a alta rejeição das massas populares à democracia burguesa, mesmo com toda a pressão institucional e empresarial sobre o pleito.

Sobre a perspectiva dos revolucionários em relação à eleição, o alto índice de abstenção mostra a potencialidade da negação das eleições. No entanto, não adianta lindos discursos abstencionistas dos revolucionários se não formos capazes de ser uma alternativa real à política burguesa. Para isso, é necessário o enraizamento nas massas populares e a construção de organizações de base independentes e de luta, para contrapor a luta de ação direta das bases à luta partidária burguesa no parlamento.

Nesse sentido, reforça-se a estratégia paciente e de longo prazo de uma linha de massa combativa e da importância de ir ao povo, como proposto pelo nosso grupo de uma atuação em tendência em setores estratégicos da classe trabalhadora e setores marginalizados, que são as massas populares da realidade brasileira que terão um potencial de construir alternativa classista e combativa do povo no processo de luta de classe do Brasil. ■

Esta entrada foi publicada em Conjuntura, Debate, General, Matérias. ligação permanente.