Por Antônio Galego, diretor-geral do jornal O Amigo do Povo.
Brasil central, 22 de maio de 2023.

Foto: mesa de abertura do 1º ENOPES, novembro de 2013.
Índice:
1 – Três momentos históricos “perdidos”: a ruptura anti-governista, o insurrecionalismo de 2013 e o retorno do cão arrependido
1.1 – A CONLUTAS e a chance perdida de avançar na reorganização do proletariado
1.2 – A insurreição proletária de 2013 e um novo ciclo da luta de classes
1.3 – Ascensão do bloco conservador e a capitulação da “esquerda”
1.3.1 – A farsa do golpe de 2016 e a relegitimação da política reformista
1.3.2 – O “Fora Bolsonaro” e o paradigma da troca de governo
1.3.3 – A política liberal-burguesa do “fique em casa” e suas consequências
1.3.4 – A “unidade antifascista” a serviço da conciliação de classes
1.4 – Como as organizações anarquistas nacionais se posicionaram nesses contextos
2 – Algumas questões candentes da política e da organização dos revolucionários
2.1 – A crise do anarquismo brasileiro e a tarefa de construção do partido
2.2 – A tática paralelista dos “sindicatos autônomos” da FOB e a reconstrução de uma linha classista e combativa no movimento de massas
2.3 – A luta ideológica contra o identitarismo e a renovação do “anarquismo de estilo de vida”
2.4 – Quem são os sujeitos da revolução brasileira? A fragmentação da classe, os setores estratégicos e as tarefas dos revolucionários
2.5 – Os revolucionários e a questão nacional brasileira
3 – Um convite à reunificação das forças social-revolucionárias
“Podem estar certos de que o trabalho não será perdido — nada se perde neste mundo — e as gotas de água, por serem invisíveis, nem por isso deixam de formar o oceano.” Mikhail Bakunin
A situação política nacional teve mudanças significativas na última década. Há dez anos atrás estávamos na véspera da insurreição popular de junho de 2013, num contexto social e político explosivo, em que uma semana valia mais que um ano. Desde então houveram mudanças gerais nos agrupamentos das classes e na correlação das forças políticas no Brasil. Vivemos hoje a maior crise da classe trabalhadora e do socialismo desde a redemocratização, uma situação de isolamento e fragmentação que não atinge apenas as organizações anarquistas mas também todas as forças socialistas autênticas, somadas à diminuição desde 2016/2017 do número de greves (série histórica do Dieese) e de ocupações de terras (CPT) e ao fortalecimento do autoritarismo estatal e da exploração dos trabalhadores (seja em seu modelo conservador ou desenvolvimentista). Enfim, vivemos uma situação histórica de defensiva do proletariado.
Nos dirigimos aqui aos velhos e novos militantes que ainda se mantém firmes nas ideias socialistas revolucionárias e na luta classista. Nosso objetivo aqui é apresentar um balanço do último período, tendo como base a experiência em organizações que ajudamos a construir, em especial a UNIPA (União Popular Anarquista) e a FOB (Federação das Organizações Sindicalistas Revolucionárias do Brasil), com base também em análises de conjuntura e das diferentes tendências do movimento de massas. A partir disso pretendemos traçar linhas gerais para a retomada de uma atuação classista e revolucionário. Não haverá futuro se não entendermos nosso passado, onde estão os acertos e erros, não só aqueles que viveram e que acumularam cicatrizes físicas e emocionais, mas também aos jovens militantes. Continuar a ler