Eleições no DF: dos ricos aos inexpressivos

Matéria do Jornal O Amigo do Povo, nº3, Setembro/Outubro/Novembro de 2022.

Por Érico.

A fé no voto esse ano vem inflamada com a polarização a nível nacional, na disputa entre Lula e Bolsonaro. Muitos estão votando com fé no menos pior, o voto desesperado, clamando por algum milagre que supostamente as eleições burguesas poderiam operar. No Distrito Federal, o cenário de desesperança é, também, semelhante.

O atual governador do DF tenta a reeleição sustentando a fala sobre as inúmeras obras que ele realiza durante o governo, e crê que melhorará os inúmeros problemas urbanos alargando vias e construindo viadutos. Tão concreto foi o desastre de sua gestão no âmbito da saúde, que durante a pandemia, num primeiro momento se destacou entre os governadores que primeiro “reagiram” à covid-19, e um tempo depois foi símbolo da incompetência em prover testes, leitos nas enfermarias e UTIs para os que sofriam com a pandemia. Além disso, sua gestão foi marcada pelos casos de corrupção (superfaturamento, negociatas e organização criminosa) envolvendo a Secretaria de Saúde no auge da pandemia de Covid-19. Nesse mesmo período, foram registrados ainda o crescimento da população em situação de rua no DF, e o desamparo às famílias pobres que sofrem com o desemprego, e com a desastrosa política de assistência social.

No governo Ibaneis, só quem se deu bem foram os ricos (e na democracia burguesa, é essa lógica sempre)! Enquanto os trabalhadores pobres morriam e sofriam durante a pandemia, o mercado da construção civil crescia e enriquecia os grandes empresários do ramo no DF. Falando nisso, o candidato Paulo Octávio faz parte dessa elite de empresários brasilienses, e já esteve no GDF enquanto ex-governador de Arruda, e por 12 dias foi governador. Ele e Arruda renunciaram após o escandaloso mensalão que desviou cerca de 110 milhões de reais em verbas públicas. Na atual disputa, Paulo Octávio é o candidato mais rico: declarou um patrimônio de 618 milhões de reais. Em seus discursos, o candidato sempre fala em migalhas para o povo.
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A COTA DE GÊNERO NAS ELEIÇÕES: A lei muda a realidade ou a realidade muda a lei?

Matéria do Jornal O Amigo do Povo, nº3, Setembro/Outubro/Novembro de 2022.

Por Aurora.

As cotas de gênero, criadas em 1997 para supostamente diminuir as disparidades entre homens e mulheres nos cargos de poder e estimular a participação das mulheres na política, são uma falsa solução. Elas não passam de um arremedo, endossado tanto pela direita quanto pela esquerda institucional, para tentar dar mais um fôlego ao falido sistema eleitoral.

O resultado disso é que, ao invés de efetivamente termos “+ mulheres na política” (1) o que vemos são maracutaias de todo tipo que os partidos (em especial os de direita) fazem para atender à exigência dos 30% de candidaturas femininas. Chovem candidaturas laranjas e, enquanto os partidos fingem incluir as mulheres, o TSE finge que vai punir tal prática (2).

Do outro lado, ao invés da esquerda que se diz socialista (sic!) destinar seus esforços para incentivar o protagonismo das mulheres nas instâncias da classe trabalhadora, valorizar e impulsionar as lutas protagonizadas por mulheres periféricas, com objetivo de fortalecer os movimentos, investem uma enorme energia para torna-las candidatas, para que virem só mais um peça do quebra-cabeça da farsa eleitoral.

Aqueles que vem nas cotas uma solução temos que alertá-los para não serem inocentes. Vencer o sistema capitalista patriarcal não perpassa por legitimar e compor as suas próprias estruturas. Além disso, não sejamos idealistas: não é a lei que muda a realidade, é a realidade (a luta de classes) que pode mudar a lei! ■


(1) Lema da campanha de 2022 da Justiça eleitoral.
(2) O Ministro Alexandre de Moraes após burburinhos sobre candidaturas laranja de mulheres em 2022 ameçou impugnar chapas inteiras, o que sabemos que dificilmente ocorrerá.
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Andando em círculos: os dilemas do imediatismo e o ultra-revolucionarismo na militância revolucionaria

Matéria do Jornal O Amigo do Povo, nº3, Setembro/Outubro/Novembro de 2022.

Por Jiren D.

Vivemos tempos de conjuntura difícil para a luta dos trabalhadores, a pandemia piorou as condições econômicas e também a capacidade organizativa dos trabalhadores, junto com aumento da repressão, do estado de exceção, da cooptação dos movimentos socais, nos coloca numa situação delicada para a militância revolucionaria no Brasil.

Além do mais, a militância revolucionaria vive um dilema: existem grupos e organizações que tem atuações mais massificadas que ficam presos no nível de programa mais imediatista e economicista (resolvendo problemas imediatos dos trabalhadores, como salários, direitos básicos e auxílios), mas tem uma dificuldade de avançar num horizonte mais revolucionário o que pode dar margem para militância assistencialista e reformista e, por outro lado, tem grupos com atuações com perfil mais de minoria-ativa, principalmente no movimento estudantil e na educação, que ficam “engessados” num “revolucionarismo auto proclamatório”, porem abstrato e teórico e longe da realidade, se afastando da luta de massa.

Diante desse dilema, cabe aos anarquistas revolucionários refletir e teorizar para dar respostas e corrigir a linha, para ser possível construir uma linha revolucionaria e de massas no Brasil, sem idealismos e sectarismo, levando uma harmonia do programa reivindicativo ao programa revolucionário. Continuar a ler

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O trabalho terceirizado nos serviços públicos no Distrito Federal

Matéria do Jornal O Amigo do Povo, nº3, Setembro/Outubro/Novembro de 2022.

Por Érico.

A terceirização do trabalho tem como ideia central a flexibilização dos modos de organização e gestão das atividades, com o objetivo de desonerar o processo produtivo, com foco na atividade ou serviço intermediário ou final da empresa e órgão contratante, promovendo ao máximo o lucro através da superexploração. A assiduidade, a imposição de metas e a maximização do tempo são palavras de ordem das empresas para pressionar os trabalhadores.

As características mais hostis dessa modalidade podem ser verificadas no aumento do desemprego, uma vez que há alta rotatividade dos empregados, o que ocasiona a criação de um “exército de trabalhadores” polivalentes (que atuam em diversas frentes) desempregados. A subcontratação, o decréscimo na quantidade de empregos formais com as empresas contratantes (chamadas tomadoras de serviço), além do enfraquecimento das relações coletivas dos trabalhadores devido a ampliação da competitividade e consequente individualismo são outros males que a terceirização ocasiona aos trabalhadores.

Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) realizada e publicada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2015, cerca de 18,9% da população brasileira foram empregadas por contratação intermediária, ou seja, através de uma terceira pessoa ou empresa contratante. Na região Centro-Oeste, 19,1% dos trabalhadores ativos correspondem a essa categoria. Dados mais recentes do Tribunal de Contas da União (TCU), mostram que na esfera Federal de governo há cerca de 80 mil trabalhadores terceirizados que prestam serviços nas empresas estatais, órgãos governamentais como ministérios e autarquias.

Brasília, capital federal, concentra a maior parte dos órgãos e autarquias do Governo Federal, além daqueles da administração distrital. A terceirização do trabalho está nas instituições de ensino, de saúde, nas empresas públicas e privadas, geralmente com trabalhadores alocados aos serviços que não são os produtos finais daquela instituição, organização ou empresa. São trabalhadores contratados por uma terceira empresa para executar os serviços de atividades específicas, sendo elas responsáveis dos encargos trabalhistas. Geralmente, essas mesmas empresas não possuem condições financeiras necessárias para arcar com a responsabilidade dos direitos dos trabalhadores. Continuar a ler

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Arqueologia Indígena no Brasil Central

Matéria do Jornal O Amigo do Povo, nº3, Setembro/Outubro/Novembro de 2022.

Por Domingos.

Foto: Múmia Acauã encontrada em 1971 na Gruta do Gentio II – Unaí MG, que só em 2021 teve as escavações retomadas.

Está em andamento o Projeto Arqueologia e História Indígena no Brasil Central (PHIBRA), organizado por pesquisadores da USP, UnB e UFoPA. A iniciativa vem trazendo uma série de informações e materiais sobre o passado indígena na região central do Brasil.

A ação mais recente ocorreu em Unaí – MG onde está sendo realizada a escavação na Gruta do Gentio II, sítio arqueológico onde foi encontrado o corpo de uma menina de 12 anos que viveu a cerca de 3.500 anos atrás (conhecida também por múmia Acauã). Além de dezenas de outros ossos humanos e de animais, cerâmicas e outros artefatos, a Gruta também está repleta de desenhos rupestres que datam de até 12 mil anos.

O projeto tem por objetivo realizar parcerias com as escolas públicas da região, em modelo de Sitio-Escola, visando trazer a comunidade para construir e se apropriar do conhecimento, das técnicas e de sua história ancestral, assim como formar novos pesquisadores na área da arqueologia indígena e comunitária. Continuar a ler

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Seis anos do assassinato de Guilherme Irish!

Matéria do Jornal O Amigo do Povo, nº3, Setembro/Outubro/Novembro de 2022.

Por Jiren D.

Em 15 de novembro, completam-se 6 anos do assassinato do nosso camarada anarquista goiano Guilherme Irish, um dos primeiros casos de assassinato dessa nova onda de violência a militantes que se alastra pelo país nos últimos anos. Guilherme era estudante da UFG do curso de matemática, tinha apenas 20 anos e foi morto a tiros pelo próprio pai após uma discussão sobre sua militância na ocupação da Universidade Federal de Goiás em 2016 durante o Governo Temer.

Lembrar nossos companheiros e companheiras que tombaram na luta por dias melhores é uma das nossas mínimas obrigações.

Também é necessário além da memória construir alternativas de autodefesa para enfrentar a violência reacionária e estatal para garantir a sobrevivência dos nossos.
Por isso o lembramos, Guilherme. Você não será esquecido. Estará sempre presente e será sempre lembrado por aqueles que lutam por uma sociedade justa e igualitária. ■

NÃO ESQUECEMOS, NEM PEDOAMOS!

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Quadrinhos e frases anti-revisionistas

Seção do Jornal O Amigo do Povo, nº3, Setembro/Outubro/Novembro de 2022.

Por Antonio “Galego”

“Se não agruparmos nossas forças, nosso movimento estará condenado a sucumbir definitivamente sob a influência dos liberais e dos oportunistas que frequentam nosso meio: especuladores e aventureiros políticos que, na melhor das hipóteses, se dedicam a tagarelice e à intriga, incapazes que são de lutar pela realização de nossos grandiosos objetivos.” (Nestor Makhno)

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Cartaz contra a farsa eleitoral: Não vote, lute!

O Jornal O Amigo do Povo estará divulgando esse cartaz nas próximas semanas por diferentes meios, virtuais e presenciais. Aqueles e aquelas camaradas que queiram receber um ou mais cartazes junto com a próxima edição do jornal, é só enviar um email para nós: oamigodopovo@inventati.org

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Debate em Goiânia: “As eleições e a posição anarquista”

O jornal O Amigo do Povo convida os trabalhadores e trabalhadoras, estudantes e militantes populares a participarem do debate “As eleições e a posição anarquista” que se realizará no próximo dia 10 de setembro (sábado), às 10h da manhã, na SALA 109 da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Goiás (UFG).

Frente a crescente polarização eleitoral e as diversas manifestações do oportunismo de direita e de esquerda e, principalmente, frente as consequencias negativas e trágicas dessas práticas políticas nos movimentos populares e lutas da classe trabalhadora em nosso país, é uma necessidade histórica compreendermos as raízes da crise em que estamos. A crise de organização das massas populares possui uma forte influência da política eleitoreira e da estratégia reformista dominante nos movimentos e partidos de esquerda, não é possível superar a crise sem enfrentar isso.

Retomar o debate sobre a posição anarquista em relação às eleições burguesas, tanto em suas bases históricas e teóricas quanto na análise atual da conjuntura e das forças em disputa nas eleições de outubro, é o objetivo principal do debate na UFG. Lutar palmo a palmo contra a influência reformista e burguesa sobre os movimentos populares, construindo com paciência uma linha de ação de massas com independência de classe e combatividade, é o complemento prático e necessário que também pretendemos fortalecer.

Participe desse encontro e ajude a divulgar!

Clique aqui e baixe o cartaz em PDF.

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O AMIGO DO POVO nº2 – Junho/Julho/Agosto 2022

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Nesta edição:


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