Sobre o “Fora Bolsonaro” e a agitação classista e revolucionária

Matéria do Jornal O Amigo do Povo, nº2, Junho/Julho/Agosto de 2022.

Por Antonio “Galego”

Nós estamos em uma conjuntura de defensiva do proletariado. A burguesia está na ofensiva, ou seja, está em condições de realizar seus objetivos estratégicos como classe (reforma trabalhista, previdenciária, privatizações, etc.). Obviamente existem resistências populares, mas são restritas e na maioria das vezes recuadas. Em nenhum momento durante o governo Bolsonaro existiu correlação de forças favorável para derrubar o governo por meio de métodos de luta proletária-popular, ou seja, pela ação direta.

Sem uma mobilização combativa de massas (que foi sabotada pelo petismo particularmente desde o “Ocupa Brasília” em 2017 e durante todo governo atual) a palavra de ordem “fora Bolsonaro” caiu no vazio e foi usada pela oposição socialdemocrata/liberal para desgastar o governo, se utilizando de todo cenário de morte, precarização e ataques como trampolim eleitoral. O foco desde o começo foi a mudança de governo, “primeiramente fora Bolsonaro…”. O povo deveria submeter todas as suas reivindicações e lutas à troca do governo atual. É o paradigma clássica da socialdemocracia de superioridade da luta política (partido) sobre a luta econômica (sindicato).
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“Renunciaremos tudo, exceto a vitória?” Antifascismo, revisionismo e conciliação de classes

Matéria do Jornal O Amigo do Povo, nº2, Junho/Julho/Agosto de 2022.

Por Antonio “Galego”

“A propaganda [da burocracia da CNT-FAI] havia criado o mito renunciante de Durruti para encobrir sua incompetência e sancionar suas capitulações, levados por sua sede de poder e desejo de eternidade, com o aplauso do PCE, mas isso não era suficiente. Ainda faltava renunciar ao anarquismo, ‘a nossas ideias’, para salvar ‘Espanha’ do ‘invasor’; era preciso tornar-se chauvinistas.” (Miquel Amorós, Durruti en el laberinto, 2014)

O historiador espanhol Miquel Amorós, em seu livro “Durruti en el laberinto”, faz um estudo da ação e das posições de Buenaventura Durruti durante a Guerra Civil Espanhola (1936-1939). Analisa também o conflito direção-base no interior da CNT (Confederação Nacional do Trabalho) e da FAI (Federação Anarquista Ibérica) e destas com as outras tendências políticas (comunistas, nacionalistas, etc.) durante a guerra civil.

Amorós demonstra como a chamada “unidade antifascista” se construiu passo a passo através da conciliação de classes com a burguesia republicana e em negação às conquistas revolucionárias do proletariado em julho de 1936. As jornadas de maio de 1937 em Barcelona são o último suspiro da linha classista-revolucionária em luta contra a linha colaboracionista da burocracia stalinista e libertária.
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A luta pela terra e as ilusões do reformismo agrário

Matéria do Jornal O Amigo do Povo, nº2, Junho/Julho/Agosto de 2022.

Por Antonio “Galego”

Em toda a história do Brasil houve luta pela terra. As massas camponesas têm uma experiência riquíssima, de formação de quilombos, territórios livres, retomadas, guerrilhas, sabotagens, messianismo, banditismo, movimentos sociais, sindicatos, trabalho e propriedade coletiva, etc. O campesinato é a fração da classe trabalhadora com mais episódios de enfrentamento armado e de massas contra o Estado brasileiro, e com registros importantes de vitórias.

A partir desse fato (luta pela terra), diferentes correntes e organizações formularam orientações gerais para enfrentar o problema agrário. Tais orientações é o que chamamos de programa. Os diferentes “programas agrários” são fruto de acúmulos de experiência e análise, profundamente marcados pelas visões de mundo, estratégia e objetivo de quem os formulou (marxistas, desenvolvimentistas, anarquistas, etc.).

Assim, é necessário diferenciar a luta pela terra dos diversos programas. Por exemplo, o programa de Reforma Agrária defendido pelos movimentos sociais atualmente é a expressão histórica de uma série de disputas concretas e que veio a se tornar a linha política hegemônica dentro do movimento camponês. Mas reforma agrária e luta pela terra não são a mesma coisa. Luta pela terra é um processo mais amplo e antigo. Nessa luta distintos programas estão em disputa.
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Zé Porfírio vive! 110 anos do nascimento do líder da revolta de Trombas e Formoso (GO)

Matéria do Jornal O Amigo do Povo, nº2, Junho/Julho/Agosto de 2022.

Por Antônio “Galego”

No dia 27 de julho de 1912 nasceu José Porfírio de Souza no município Pedro Afonso (TO). Porfírio viveu em sua terra natal até se casar com Rosa Amélia de Farias, baiana de Remanso, com quem teve nove filhos. No fim da década de 1940, mudou-se para o norte de Goiás, influenciado pela campanha Marcha para o Oeste.

Após não conseguir ficar na Colônia Agrícola Nacional de Goiás (CANG), Zé Porfírio se muda pra região dos povoados Trombas e Formoso. Lá residiam milhares de posseiros. No início da década de 1950, com a construção da Belém-Brasília (hoje BR-153) e os planos da nova capital, as terras se valorizam e os camponeses sofrem a violência de latifundiários que querem roubas suas terras. Mas os camponeses estão decididos a resistir. Continuar a ler

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A realidade material como inimiga da realidade virtual

Matéria do Jornal O Amigo do Povo, nº2, Junho/Julho/Agosto de 2022.

Por Aurora.

A pandemia intensificou o processo de virtualização das relações em uma rapidez jamais esperada. Se até 2019, o alcance dos debates virtuais já era preocupante a substituição do contato humano pelas lives, conversas online e festas virtuais vieram com força nos anos posteriores.

Assistimos as redes sociais se tornarem as responsáveis por grande parte dos assuntos pautados dentro do ambiente familiar e de amigos. A argumentação a um tema polêmico já vem pronta, assim como sua contra-argumentação. Os influencers e outros cretinos assumem o papel de problematizar e pautar a opinião da grande massa “consumidora” de conteúdo.

Se no discurso as redes sociais tinham o potencial de difundir uma maior pluralidade de ideias, na prática tornou os cancelamentos e problematizações como a regra do dia. Um tema precisa rapidamente ser substituído por outro, não há espaço para aprofundamentos e para organização da luta popular, mudam-se os focos da atenção e parar não é possível se você quiser estar em dia. O pior inimigo do escândalo é o escândalo seguinte. Continuar a ler

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Do arroz à gasolina, a luta contra a carestia de vida e a posição dos anarquistas revolucionários

Matéria do Jornal O Amigo do Povo, nº2, Junho/Julho/Agosto de 2022.

Por Jiren D.

Os trabalhadores do Brasil vêm sofrendo e cortando literalmente na própria carne. Os preços do arroz, feijão, carne, verduras e legumes batem recordes de preços. Mesmo o Brasil sendo grande produtor desses alimentos, hoje a cesta básica já compromete em média mais de 60% do salário mínimo dos trabalhadores brasileiros. A gasolina e o diesel também batem recorte de preços e, além de corroer o salário dos trabalhadores, impacta toda cadeia produtiva.

Enquanto os trabalhadores sangram, o governo e economicistas burgueses tentam achar desculpa para a alta dos preços. Falam da inflação, do real desvalorizado e da oferta e demanda, mas há uma reposta simples do ponto de vista de classe: o lucro está a cima dos trabalhadores.
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Universidade de Brasília | ENSINO PRESENCIAL, JÁ!

Matéria do Jornal O Amigo do Povo, nº2, Junho/Julho/Agosto de 2022.

Por Érico.

A Universidade de Brasília completa um ano e meio de aulas remotas. Nesse período, professores universitários, técnicos-administrativos e estudantes estiveram “fora” da universidade. Somente os trabalhadores terceirizados (limpeza, vigilância entre outros) vítimas da precarização do trabalho e considerados essenciais para a manutenção dos prédios, e vigilância dos campi, estiveram presentes nas dependências da universidade. A exploração pode ter custado vidas desses trabalhadores da UnB que morreram devido a covid-19. Mas a ‘vida universitária’ continuou, e o mote “ninguém fica para trás” entoado pela reitoria, pareceu cada vez mais irônico e um dito de mau gosto. As condições precárias de estudo no ensino remoto, a precarização do trabalho dos professores e os (altos) índices de evasão nas disciplinas apontam o cenário deprimente da educação. A postura de alinhamento do DCE-UnB com as instâncias de deliberação da universidade e sua estratégia de pouca comunicação e desmobilização da base estudantil, revelam o contentamento e desprezo pela luta combativa.
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Nasce a Federação Autônoma de Trabalhadores/as da Educação (FATE)

Matéria do Jornal O Amigo do Povo, nº2, Junho/Julho/Agosto de 2022.

Por Érico.

Saudamos à FATE por sua fundação e pela auto-organização das categorias que a compõe. A organização ocorreu no início de 2022 durante a pandemia, no contexto de aprofundamento das desigualdades sociais, dos ataques à educação pública, da reforma trabalhista, e renovação curricular no Ensino Médio. A federação é filiada à FOB.

Com mais de 2,5 milhões de trabalhadores nas redes de ensino, professoras/es, secretários/as escolares e técnicos-administrativos, trabalhadores terceirizados da limpeza, vigilância, portaria, e serviços gerais no em todos os níveis de ensino no Brasil, não possuíam uma organização que reunisse de maneira ampla as categorias do ramo da educação. Continuar a ler

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Indicação de vídeo | Maio nosso maio, origens do 1º de maio

Matéria do Jornal O Amigo do Povo, nº2, Junho/Julho/Agosto de 2022.

Por Aurora.

Em homenagem ao 1º de maio, dia do trabalhador, recomendamos a animação “Maio Nosso Maio”, disponível gratuitamente no youtube.

De uma maneira didática, breve e interativa, o filme resgata o sentido original do Dia dos Trabalhadores. Retratando o contexto da época nos é contada a história da greve geral e dos protestos que deram origem ao dia e relembrado os anarquistas envolvidos e que foram assassinados pelo Estado por lutarem por melhores condições de trabalho e a redução da jornada de trabalho.

Fica a dica também aos professores que querem debater a temática em sala de aula! ■

 

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Viva os 9 anos do Levante Popular de Junho de 2013: Causas, significados e memória coletiva

Matéria do Jornal O Amigo do Povo, nº2, Junho/Julho/Agosto de 2022.

Por Antônio “Galego”

Fazem 9 anos de um dos eventos mais importantes na história da classe trabalhadora no Brasil nos últimos 40 anos: o levante popular de junho de 2013. Ele explicitou as contradições de classe, assim como os limites do reformismo. Quase todas as organizações socialdemocratas/comunistas assumiram uma posição contrarrevolucionária, e contribuíram para negar o levante e seus significados de diversas formas. Por outro lado, uma parte da direita assumiu elementos pontuais do levante, deturpando as suas principais características, e se aproveitou de um processo social carente de herdeiros na política hegemônica para se “revitalizar” e promover suas pautas reacionárias.

Na verdade, tanto a esquerda quanto a direita institucionais foram e são inimigas da revolta de 2013, e se beneficiam das deturpações sobre ela. Daí a importância de defender uma análise socialista revolucionária (anarquista) e demarcar, mesmo brevemente, o por que devemos reivindicar e compreender corretamente o grande levante popular de junho de 2013.
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