Internacional | Continuam os ataques às comunidades autônomas zapatistas

Matéria do Jornal O Amigo do Povo, nº2, Junho/Julho/Agosto de 2022.

Foto: Marcha zapatista “Alto a las guerras”, dia 13 de março de 2022.

Por Aurora.

Os camaradas indígenas zapatistas (México) seguem sendo atacados e expulsos de seus territórios pela organização paramilitar ORCAO . Isso tudo com apoio (direto ou indireto) do governo Mexicano, supostamente de esquerda. Os apoiadores do movimento zapatista do México já vem denunciando tais ações há anos e nada tem sido feito por parte do governo para frear a guerra perpetrada contra os povos zapatistas. Muito pelo contrário, o silêncio das autoridades estatais é a regra.

Para expulsar os compas zapatistas de seus territórios a ORCAO já realizou sequestro, tiroteios, queima de depósitos de alimentos, cercamento das áreas de plantio e do acesso a água, intimidações, além das calúnias e difamações que já são regras. Recentemente a Rede de Resistência e Rebeldia Ajmaq denunciou a expulsão de 29 famílias do povoado zapatistas “La Resistência” e mais outras 54 do povoado Emiliano Zapata. Continuar a ler

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A nova escravidão no DF e em Goiás

Matéria do Jornal O Amigo do Povo, nº2, Junho/Julho/Agosto de 2022.

Por Érico.

Não, você não voltou no tempo! A escravidão nunca esteve distante de nós. No Distrito Federal e Goiás centenas de casos de trabalhadores em situações análogas à escravidão têm sido denunciados. Somente em 2022, em Cristalina-GO (à 131 km de Brasília) 32 trabalhadores rurais foram encontrados em carvoeiras dentro de duas propriedades rurais no município que é um dos mais importantes para o agronegócio no estado. Em 2020 vinte e oito trabalhadores foram resgatados em Águas Lindas de Goiás, e nesse ano, uma outra trabalhadora foi resgatada em uma chácara após 5 anos de trabalhos forçados. Casos como esses somam-se a outros 803 resgates de trabalhadores em situações análogas à escravidão, registrados entre 1997 e 2021 só no Distrito Federal e Entorno.

Os dados publicados pelo Ministério da Economia mostram que o perfil das vítimas resgatadas no DF e Entorno é de homens entre 30 e 39 anos, negros (pretos ou pardos), de origem mineira ou goiana. Apesar dos dados divulgados por esse ministério, a posição do Estado brasileiro é de (no mínimo) total incoerência. As ações governamentais que se valem da estrutura estatal não inibem, punem ou evitam que essa situação esteja sempre junto das transformações econômicas e da reprodução capitalista que a sociedade e território são sujeitos. Através das políticas de destruição dos direitos trabalhistas, os planos econômicos e os projetos que aliam a exploração de territórios e atividades agroextrativistas em regiões de grande vulnerabilidade social, o Estado brasileiro beneficia latifundiários, empresários e especuladores. Essa postura não é nova, tendo evoluído desde às antigas oligarquias do império às elites da república. Continuar a ler

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Retomadas Guarani e Kaiowá avançam frente ao terrorismo de Estado e do latifúndio

Matéria do Jornal O Amigo do Povo, nº2, Junho/Julho/Agosto de 2022.

Foto: retomada Guapoy Tujuri.

Por Anarquistas em Dourados (MS).

No dia 21 de maio, o jovem indígena Guarani Kaiowá Alex Vasques Ricarte Lopes, de 18 anos, foi brutalmente assassinado por grandes fazendeiros, enquanto buscava lenha nas proximidades da Reserva Indígena Taquapiry, fronteira com o Paraguai, no cone sul do Mato Grosso do Sul (MS). Alex foi alvejado com 6 tiros e seu corpo jogado no lado Paraguaio da fronteira. Sua morte se soma aos demais Guarani e Kaiowá que tombaram na luta pela retomada de seus territórios ancestrais, incluindo outros três parentes de Alex Lopes assassinados por fazendeiros e jagunços na mesma região: Xurite Lopes, rezadora e anciã assassinada em 2007; Ortiz Lopes (2007); e Oswaldo Lopes, assassinado em 2009.

A Reserva Taquapiry foi uma das 8 Reservas demarcadas pelo Serviço de Proteção ao Índio (SPI, antes da criação da FUNAI em 1967), instituídas entre 1916 e 1928 junto ao avanço da fronteira agrícola no MS. O objetivo das reservas era liberar terras para a colonização, o que provocou extermínio, remoção forçada e escravidão dos povos indígenas. Neste processo histórico, os latifúndios se estabelecem para monocultora de grãos (soja e milho transgênico), cana-de-açúcar ou agropecuária, todos produtos destinados para exportação. Hoje, são estes mesmos latifúndios que, em conjunto com sindicatos rurais, políticos e empresários locais, promovem a guerra contra os povos indígenas. Continuar a ler

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Eleições 2022 | Os trabalhadores são convocados pra escolher seu próximo carrasco

Matéria do Jornal O Amigo do Povo, nº2, Junho/Julho/Agosto de 2022.

por Antônio “Galego”.

No dia 2 de outubro ocorrerão as eleições. A pandemia, o aumento da informalidade, a inflação, a violência policial, a diminuição das greves e a desmobilização popular, a guerra na Ucrânia, são fatores que impactam as eleições, e o contrário é verdadeiro, as eleições impactam na luta de classes. Por isso a importância da análise e crítica das eleições.

Uma forte campanha burguesa e reformista tem sido realizada para legitimar o voto, tão desacreditadas pelo povo. Artistas famosos (Anita, Pablo Vitar, etc,), empresas (Burguer King, etc.) e o TSE tem investido pesado contra o “não voto” (nulos, brancos e abstenções), isso num país onde o voto é obrigatório!

O fundo eleitoral desse ano será de 4,9 bilhões. Apenas o União Brasil, onde o pré-candidato à reeleição a governador Ronaldo Caiado (ex-DEM) é presidente em Goiás, receberá mais de R$ 770 milhões. O PT vai abocanhar a segunda maior parte: 484 milhões. Em um período de crise pandêmica, desemprego, teto de gastos, é um escárnio essa campanha bilionária! Continuar a ler

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Editorial | Os primeiros passos foram dados!

Editorial do Jornal O Amigo do Povo, nº2, Junho/Julho/Agosto de 2022.

Lançamos o nosso jornal em março sabendo das dificuldades pra construir um instrumento de propaganda anarquista no interior do Brasil. Estávamos esperançosos em demonstrar a sua importância e assim disputar aos poucos o apoio de mais e mais camaradas. O trabalho foi feito, pontes foram criadas e o primeiro objetivo foi alcançado!

A primeira edição d’O Amigo do Povo foi distribuído principalmente no Distrito Federal e Goiânia, mas também chegou em Jataí (GO), Dourados (MS), Belo Horizonte (MG), São Paulo (SP), Novo Gama (GO), Valparaíso (GO), Ocidental (GO), Luziânia (GO), além de chegar às mãos de catadores, professores, indígenas, estudantes, sem terra, lideranças sindicais e populares. Recebemos vários retornos positivos, elogios sobre os temas e a edição, e contribuições financeiras fundamentais pra sustentar a atual edição.

Esperamos seguir avançando na consolidação dessa nova tribuna de combate do anarquismo e da luta classista! Para isso, o seu apoio comentando, divulgando, contribuindo financeiramente, é sempre bem-vindo. Nessa edição fazemos uma saudação especial aos 9 anos da insurreição popular de junho de 2013, também denunciamos o assassinato do jovem Guarani Kaiowá Alex Lopes a mando de fazendeiros no dia 21 de maio. ■

VIVA AS JORNADAS DE JUNHO DE 2013!!
CAMARADA ALEX LOPES, PRESENTE!!

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O AMIGO DO POVO nº1 – Março/Abril/Maio 2022

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Nesta edição:


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Movimento messiânico de Santa Dica em Pirenópolis (GO)

Matéria do Jornal O Amigo do Povo, nº1, Março/Abril/Maio de 2022.

por Antônio Galego.

“Benedicta Cipriano Gomes, moça de vinte anos e inculta, começou aos seus dezoito anos (…) a ser acometida de certos fenômenos patológicos bem conhecidos na nossa medicina, fenômenos esses que se serviu ela com o concurso de outros indivíduos, para implantar, desde logo, a desolação e a miséria em torno de vários lares pobres e rústicos, trazendo, desta arte, até o desassossego para o Poder Público, cujas autoridades se quer já eram respeitadas nesse antro de bruxaria.”
(Relatório do Chefe de Polícia do Estado de Goiás, 24/20/1925.)

Muitos já ouviram falar de Antonio Conselheiro e de Canudos, mas quem já ouviu falar no movimento da santa Dica em Goiás? Benedicta Cypriano Gomes, ou “Dica” como era conhecida, nasceu em Pirenópolis em 1903. Após a sua suposta ressureição em 1920, Dica começou a ser tratada como santa por milhares de camponeses da região. Iniciava assim no interior de Goiás, na pequena fazenda chamada “Monzodó”, o mais importante movimento messiânico-popular do estado.

Em 1923 a pequena fazenda se tornou um vilarejo conhecido por “Lagoa”, aonde Dica reuniu cerca de 500 famílias, e até 70 mil pessoas a visitaram em romaria. No território do movimento de santa Dica a propriedade da terra era coletiva, não possuía cercas ou demarcações, e o movimento chegou até a ocupar terras de latifúndios ao redor para a produção de subsistência dos camponeses pobres do vilarejo.

Como mostra a citação inicial, o movimento foi duramente perseguido, tanto pelo Estado e pelos ricos como pela Igreja Católica. Um discurso de demonização do movimento como “incivilizados” e “hereges” foi construído pelas classes dominantes que passavam por um desejo de progresso capitalista no estado. O movimento igualitário e messiânico de Dica foi tido como uma ameaça ao sistema e no dia 14 de outubro de 1925 houve a grande repressão pelas forças policiais (o “dia do fogo”) na qual dezenas de pessoas foram mortas ou feridas, Dica foi presa e o movimento teve seu fim… Mas segue vivo na memória e nas lutas por justiça e por uma terra livre para os trabalhadores goianos e brasileiros! ■

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EXPLORAÇÃO DE TRABALHADORES QUE PRESTAM SERVIÇO AO MINISTÉRIO DE DAMARES

Matéria do Jornal O Amigo do Povo, nº1, Março/Abril/Maio de 2022.

por Érico.

Em novembro de 2019 foi anunciado no município de Valparaíso de Goiás, na área metropolitana de Brasília, a instalação de uma empresa de Call Center que criaria inicialmente 500 postos de trabalho para a população no município. A empresa BR BPO, especializada em recursos de infraestrutura para TI obedece a um seguimento de “Terceirização do Processo de Negócios”, tradução da sigla em inglês BPO, baseada na lógica de ampliação da produtividade e do lucro para as empresas privadas envolvidas.

Contando com outra unidade no Distrito Federal, no Shopping Florida Mall, no Guará I, a empresa atende a denúncias dos canais 100 e 180, serviço essencial para as populações vulneráveis que sofrem violências domésticas, sexuais, de intolerância, racismo e discriminação e outras formas de violação dos Direitos Humanos. O serviço é vinculado ao Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos, chefiado por Damares Alves.
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Caça-palavras: Direitos Trabalhistas

Jogo no Jornal O Amigo do Povo, nº1, Março/Abril/Maio de 2022.

Palavras: adicional noturno – aposentadoria – décimo terceiro – fgts – férias – greve – licença maternidade – salário – vale transporte
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Os anarquistas e a política de desarmamento

Matéria do Jornal O Amigo do Povo, nº1, Março/Abril/Maio de 2022.

por Antônio Galego.

O governo Bolsonaro reacendeu um debate na sociedade brasileira: a política de desarmamento. Para além do debate, a contestação prática ao desarmamento por uma parcela cada vez maior da população já é um fato. A questão das armas e da violência, e, portanto, do poder, é central na luta de classes e pra uma estratégia revolucionária. Por isso é fundamental explicar a posição dos anarquistas, sobre o aspecto político e conjuntural do problema.

1- Armamento geral do povo e desconcentração do poder

O monopólio da violência pelo Estado, através de instituições policiais e militares, é uma característica básica da centralização do poder. Não à toa, em processos de colonização o desarmamento das populações nativas é uma medida típica dos colonizadores. A relação dialética entre Estado-Sociedade é nítida. A sociedade é aos poucos destituída do direito de exercer por si mesma a violência. O monopólio estatal da violência torna a sociedade, e mais especificamente a classe trabalhadora, indefesa e incapaz.

Os diferentes tipos de Estado burguês, democráticos ou autoritários, que centralizam o poder sob diferentes justificativas, só evidenciam a tendência geral dos Estados ao autoritarismo e à tirania. A ideia de um Estado “democrático” que promete defender seus cidadãos retirando destes a capacidade de se defenderem por si mesmos, além de contraditória, se torna um absurdo e uma falácia num país como o Brasil, tão desigual e com estruturas jurídicas-repressivas genocidas e anti-povo. Continuar a ler

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