Zé Porfírio vive! 110 anos do nascimento do líder da revolta de Trombas e Formoso (GO)

Matéria do Jornal O Amigo do Povo, nº2, Junho/Julho/Agosto de 2022.

Por Antônio “Galego”

No dia 27 de julho de 1912 nasceu José Porfírio de Souza no município Pedro Afonso (TO). Porfírio viveu em sua terra natal até se casar com Rosa Amélia de Farias, baiana de Remanso, com quem teve nove filhos. No fim da década de 1940, mudou-se para o norte de Goiás, influenciado pela campanha Marcha para o Oeste.

Após não conseguir ficar na Colônia Agrícola Nacional de Goiás (CANG), Zé Porfírio se muda pra região dos povoados Trombas e Formoso. Lá residiam milhares de posseiros. No início da década de 1950, com a construção da Belém-Brasília (hoje BR-153) e os planos da nova capital, as terras se valorizam e os camponeses sofrem a violência de latifundiários que querem roubas suas terras. Mas os camponeses estão decididos a resistir. Continuar a ler

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A realidade material como inimiga da realidade virtual

Matéria do Jornal O Amigo do Povo, nº2, Junho/Julho/Agosto de 2022.

Por Aurora.

A pandemia intensificou o processo de virtualização das relações em uma rapidez jamais esperada. Se até 2019, o alcance dos debates virtuais já era preocupante a substituição do contato humano pelas lives, conversas online e festas virtuais vieram com força nos anos posteriores.

Assistimos as redes sociais se tornarem as responsáveis por grande parte dos assuntos pautados dentro do ambiente familiar e de amigos. A argumentação a um tema polêmico já vem pronta, assim como sua contra-argumentação. Os influencers e outros cretinos assumem o papel de problematizar e pautar a opinião da grande massa “consumidora” de conteúdo.

Se no discurso as redes sociais tinham o potencial de difundir uma maior pluralidade de ideias, na prática tornou os cancelamentos e problematizações como a regra do dia. Um tema precisa rapidamente ser substituído por outro, não há espaço para aprofundamentos e para organização da luta popular, mudam-se os focos da atenção e parar não é possível se você quiser estar em dia. O pior inimigo do escândalo é o escândalo seguinte. Continuar a ler

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Do arroz à gasolina, a luta contra a carestia de vida e a posição dos anarquistas revolucionários

Matéria do Jornal O Amigo do Povo, nº2, Junho/Julho/Agosto de 2022.

Por Jiren D.

Os trabalhadores do Brasil vêm sofrendo e cortando literalmente na própria carne. Os preços do arroz, feijão, carne, verduras e legumes batem recordes de preços. Mesmo o Brasil sendo grande produtor desses alimentos, hoje a cesta básica já compromete em média mais de 60% do salário mínimo dos trabalhadores brasileiros. A gasolina e o diesel também batem recorte de preços e, além de corroer o salário dos trabalhadores, impacta toda cadeia produtiva.

Enquanto os trabalhadores sangram, o governo e economicistas burgueses tentam achar desculpa para a alta dos preços. Falam da inflação, do real desvalorizado e da oferta e demanda, mas há uma reposta simples do ponto de vista de classe: o lucro está a cima dos trabalhadores.
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Universidade de Brasília | ENSINO PRESENCIAL, JÁ!

Matéria do Jornal O Amigo do Povo, nº2, Junho/Julho/Agosto de 2022.

Por Érico.

A Universidade de Brasília completa um ano e meio de aulas remotas. Nesse período, professores universitários, técnicos-administrativos e estudantes estiveram “fora” da universidade. Somente os trabalhadores terceirizados (limpeza, vigilância entre outros) vítimas da precarização do trabalho e considerados essenciais para a manutenção dos prédios, e vigilância dos campi, estiveram presentes nas dependências da universidade. A exploração pode ter custado vidas desses trabalhadores da UnB que morreram devido a covid-19. Mas a ‘vida universitária’ continuou, e o mote “ninguém fica para trás” entoado pela reitoria, pareceu cada vez mais irônico e um dito de mau gosto. As condições precárias de estudo no ensino remoto, a precarização do trabalho dos professores e os (altos) índices de evasão nas disciplinas apontam o cenário deprimente da educação. A postura de alinhamento do DCE-UnB com as instâncias de deliberação da universidade e sua estratégia de pouca comunicação e desmobilização da base estudantil, revelam o contentamento e desprezo pela luta combativa.
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Nasce a Federação Autônoma de Trabalhadores/as da Educação (FATE)

Matéria do Jornal O Amigo do Povo, nº2, Junho/Julho/Agosto de 2022.

Por Érico.

Saudamos à FATE por sua fundação e pela auto-organização das categorias que a compõe. A organização ocorreu no início de 2022 durante a pandemia, no contexto de aprofundamento das desigualdades sociais, dos ataques à educação pública, da reforma trabalhista, e renovação curricular no Ensino Médio. A federação é filiada à FOB.

Com mais de 2,5 milhões de trabalhadores nas redes de ensino, professoras/es, secretários/as escolares e técnicos-administrativos, trabalhadores terceirizados da limpeza, vigilância, portaria, e serviços gerais no em todos os níveis de ensino no Brasil, não possuíam uma organização que reunisse de maneira ampla as categorias do ramo da educação. Continuar a ler

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Indicação de vídeo | Maio nosso maio, origens do 1º de maio

Matéria do Jornal O Amigo do Povo, nº2, Junho/Julho/Agosto de 2022.

Por Aurora.

Em homenagem ao 1º de maio, dia do trabalhador, recomendamos a animação “Maio Nosso Maio”, disponível gratuitamente no youtube.

De uma maneira didática, breve e interativa, o filme resgata o sentido original do Dia dos Trabalhadores. Retratando o contexto da época nos é contada a história da greve geral e dos protestos que deram origem ao dia e relembrado os anarquistas envolvidos e que foram assassinados pelo Estado por lutarem por melhores condições de trabalho e a redução da jornada de trabalho.

Fica a dica também aos professores que querem debater a temática em sala de aula! ■

 

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Viva os 9 anos do Levante Popular de Junho de 2013: Causas, significados e memória coletiva

Matéria do Jornal O Amigo do Povo, nº2, Junho/Julho/Agosto de 2022.

Por Antônio “Galego”

Fazem 9 anos de um dos eventos mais importantes na história da classe trabalhadora no Brasil nos últimos 40 anos: o levante popular de junho de 2013. Ele explicitou as contradições de classe, assim como os limites do reformismo. Quase todas as organizações socialdemocratas/comunistas assumiram uma posição contrarrevolucionária, e contribuíram para negar o levante e seus significados de diversas formas. Por outro lado, uma parte da direita assumiu elementos pontuais do levante, deturpando as suas principais características, e se aproveitou de um processo social carente de herdeiros na política hegemônica para se “revitalizar” e promover suas pautas reacionárias.

Na verdade, tanto a esquerda quanto a direita institucionais foram e são inimigas da revolta de 2013, e se beneficiam das deturpações sobre ela. Daí a importância de defender uma análise socialista revolucionária (anarquista) e demarcar, mesmo brevemente, o por que devemos reivindicar e compreender corretamente o grande levante popular de junho de 2013.
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Internacional | Continuam os ataques às comunidades autônomas zapatistas

Matéria do Jornal O Amigo do Povo, nº2, Junho/Julho/Agosto de 2022.

Foto: Marcha zapatista “Alto a las guerras”, dia 13 de março de 2022.

Por Aurora.

Os camaradas indígenas zapatistas (México) seguem sendo atacados e expulsos de seus territórios pela organização paramilitar ORCAO . Isso tudo com apoio (direto ou indireto) do governo Mexicano, supostamente de esquerda. Os apoiadores do movimento zapatista do México já vem denunciando tais ações há anos e nada tem sido feito por parte do governo para frear a guerra perpetrada contra os povos zapatistas. Muito pelo contrário, o silêncio das autoridades estatais é a regra.

Para expulsar os compas zapatistas de seus territórios a ORCAO já realizou sequestro, tiroteios, queima de depósitos de alimentos, cercamento das áreas de plantio e do acesso a água, intimidações, além das calúnias e difamações que já são regras. Recentemente a Rede de Resistência e Rebeldia Ajmaq denunciou a expulsão de 29 famílias do povoado zapatistas “La Resistência” e mais outras 54 do povoado Emiliano Zapata. Continuar a ler

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A nova escravidão no DF e em Goiás

Matéria do Jornal O Amigo do Povo, nº2, Junho/Julho/Agosto de 2022.

Por Érico.

Não, você não voltou no tempo! A escravidão nunca esteve distante de nós. No Distrito Federal e Goiás centenas de casos de trabalhadores em situações análogas à escravidão têm sido denunciados. Somente em 2022, em Cristalina-GO (à 131 km de Brasília) 32 trabalhadores rurais foram encontrados em carvoeiras dentro de duas propriedades rurais no município que é um dos mais importantes para o agronegócio no estado. Em 2020 vinte e oito trabalhadores foram resgatados em Águas Lindas de Goiás, e nesse ano, uma outra trabalhadora foi resgatada em uma chácara após 5 anos de trabalhos forçados. Casos como esses somam-se a outros 803 resgates de trabalhadores em situações análogas à escravidão, registrados entre 1997 e 2021 só no Distrito Federal e Entorno.

Os dados publicados pelo Ministério da Economia mostram que o perfil das vítimas resgatadas no DF e Entorno é de homens entre 30 e 39 anos, negros (pretos ou pardos), de origem mineira ou goiana. Apesar dos dados divulgados por esse ministério, a posição do Estado brasileiro é de (no mínimo) total incoerência. As ações governamentais que se valem da estrutura estatal não inibem, punem ou evitam que essa situação esteja sempre junto das transformações econômicas e da reprodução capitalista que a sociedade e território são sujeitos. Através das políticas de destruição dos direitos trabalhistas, os planos econômicos e os projetos que aliam a exploração de territórios e atividades agroextrativistas em regiões de grande vulnerabilidade social, o Estado brasileiro beneficia latifundiários, empresários e especuladores. Essa postura não é nova, tendo evoluído desde às antigas oligarquias do império às elites da república. Continuar a ler

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Retomadas Guarani e Kaiowá avançam frente ao terrorismo de Estado e do latifúndio

Matéria do Jornal O Amigo do Povo, nº2, Junho/Julho/Agosto de 2022.

Foto: retomada Guapoy Tujuri.

Por Anarquistas em Dourados (MS).

No dia 21 de maio, o jovem indígena Guarani Kaiowá Alex Vasques Ricarte Lopes, de 18 anos, foi brutalmente assassinado por grandes fazendeiros, enquanto buscava lenha nas proximidades da Reserva Indígena Taquapiry, fronteira com o Paraguai, no cone sul do Mato Grosso do Sul (MS). Alex foi alvejado com 6 tiros e seu corpo jogado no lado Paraguaio da fronteira. Sua morte se soma aos demais Guarani e Kaiowá que tombaram na luta pela retomada de seus territórios ancestrais, incluindo outros três parentes de Alex Lopes assassinados por fazendeiros e jagunços na mesma região: Xurite Lopes, rezadora e anciã assassinada em 2007; Ortiz Lopes (2007); e Oswaldo Lopes, assassinado em 2009.

A Reserva Taquapiry foi uma das 8 Reservas demarcadas pelo Serviço de Proteção ao Índio (SPI, antes da criação da FUNAI em 1967), instituídas entre 1916 e 1928 junto ao avanço da fronteira agrícola no MS. O objetivo das reservas era liberar terras para a colonização, o que provocou extermínio, remoção forçada e escravidão dos povos indígenas. Neste processo histórico, os latifúndios se estabelecem para monocultora de grãos (soja e milho transgênico), cana-de-açúcar ou agropecuária, todos produtos destinados para exportação. Hoje, são estes mesmos latifúndios que, em conjunto com sindicatos rurais, políticos e empresários locais, promovem a guerra contra os povos indígenas. Continuar a ler

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