Quadrinhos e frases revolucionárias

Seção do Jornal O Amigo do Povo, nº4, Janeiro/Fevereiro/Março de 2023.

“O fetichismo da legalidade foi e continua a ser um dos traços característicos do socialismo favorável à colaboração de classes. O qual implica a crença na possibilidade de transformar a ordem capitalista sem entrar em conflito com os seus privilegiados. Mas isto, mais do que um indício de uma ingenuidade pouco compatível com a mentalidade dos políticos, é indício da corrupção dos líderes. Instalados em uma sociedade que fingem combater, recomendam respeito pelas regras do jogo. A classe operária não pode respeitar a legalidade burguesa, a não ser que ignore o verdadeiro papel do Estado, o caráter enganoso da democracia; em poucas palavras, os princípios básicos da luta de classes” (Victor Serge)

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Os revolucionários devem ir para as ruas “defender a democracia contra o golpismo”?

Por Antônio “Galego” e Jiren D.

Faixa marca a política pacifista e legalista da pequena burguesia universitária da ANPG/UNE (Foto: SP, 09/01/2023)

Os acontecimentos de 08 de janeiro em Brasília reforçam a análise [1] de que a derrota eleitoral não só não derrotaria o bolsonarismo, como poderia criar condições para sua radicalização. Diante de tanto alarmismo da grande mídia e de vários setores da sociedade, é importante esclarecer o significado dos eventos do dia 08.

A tomada dos prédios da esplanada está muito longe de uma tentativa de golpe de Estado. Um golpe não acontece simplesmente por uma vontade de um ex-presidente e da algumas centenas de “militantes radicais” que depredam palácios. Tomar o poder mediante golpe de Estado exige uma correlação favorável dentro das classes exploradoras (frações das burguesia, do alto comando da Forças Armadas, das classes estatistas, dos poderes institucionais nacionais e regionais, da grande mídia etc.) e muitos outros fatores do mundo social. Nada disso está dado. Os setores golpistas da burguesia nacional e internacional são, ainda, minoritários.

O que houve ontem em Brasília foi nada mais do que uma ocupação relâmpago de prédios públicos para gerar pressão política e desestabilizar os governos instituídos, tática amplamente utilizada por diferentes grupos e classes ao longo da história da luta de classes, inclusive no Brasil recente. Afirmar que uma tomada temporária de sedes dos três poderes equivale a um golpe é um exagero discursivo. Continuar a ler

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[CARTAZ] Campanha internacionalista em apoio ao povo curdo!

O movimento social-revolucionário de libertação do Curdistão, com a direção do PKK (Partido dos Trabalhadores do Curdistão) e a consolidação dos territórios autônomos no norte da Síria (Rojava), tem enfrentado momentos decisivos de sua luta.

O momento atual é de acirramento da luta de classes em todo o território do povo curdo: na Síria, Iraque, Irã e Turquia, os conflitos sociais ou militares tem se aprofundado, ainda que com características e intensidades diferentes. O assassinato em plena Paris de três mártires curdos, e a resposta na forma dos protestos massivos e combativos, é uma consequência desse contexto geopolítico.

O principal inimigo da revolução é a Turquia, sob o governo colonialista de Erdogan, que tem realizado uma guerra suja contra Rojava, contra os revolucionários no Iraque e na própria Turquia, com o uso de armas químicas, ataque de infraestruturas civis e econômicas, etc. No Irã os revolucionários curdos também tem atuado decididamente junto à luta contra o governo fundamentalista e capitalista do Irã.

Nós do jornal O Amigo do Povo, um órgão anarquista e proletário recém criado no Brasil central, nos juntamos às milhares de vozes em todo mundo em solidariedade ao povo curdo, para dizer basta a guerra suja da Turquia contra os curdos!

No início de 2023 realizaremos a impressão e colagem de cartazes em solidariedade, junto com a divulgação da próxima edição do jornal. Todos que enviarmos os jornais também receberão um cartaz, e se quiserem mais cartazes é só avisar a quantidade pelo nosso email: oamigodopovo@inventati.org

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Solidariedade é mais que palavra escrita!
Por uma nova Internacional para a luta revolucionária das massas!

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[COPOAP] Ucrânia: Um povo esmagado entre blocos imperiais

Reproduzimos o Comunicado publicado no blog EMBATE, de autoria do Coletivo Pró-Organização Anarquista em Portugal (COPOAP). O texto analisa pelo anarquismo revolucionário a situação do povo ucraniano. Saudamos os camarada de ultramar, compartilhamos e concordamos com a análise apresentada no texto. Continuar a ler

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Estamos à beira de um golpe? Notas sobre a luta de classes no contexto pós-eleitoral

Por Antônio “Galego”.

1 – A euforia de uma parte da população pela vitória eleitoral de Lula/Alckmin (PT-PSB) no domingo durou pouco. A ressaca de segunda-feira foi acompanhada da notícia de diversos bloqueios de bolsonaristas em rodovias de vários estados do país. Ainda no domingo, algumas horas após o resultado oficial, já haviam começado os bloqueios, vindo a tona o que a propaganda Lulista tentava esconder: a derrota eleitoral de Jair Bolsonaro (PL) não é a derrota da extrema-direita conservadora, ao contrário, articulada com outros fatores importantes podem gerar seu fortalecimento. Quem reduz a política à dimensão eleitoral (ou institucional) está condenado a cometer erros e cair em frustrações.

2 – Para entender esse contexto pós-eleitoral de forma correta é importante romper com os idealismos gerados pela própria polarização eleitoral e a política do medo estimulada em ambos os lados: 1) os idealismos da base bolsonarista, que acreditam numa “ameaça comunista”, que Lula é a personificação do demônio e acreditam nas condições políticas para um golpe militar; 2) ou os idealismos dos esquerdistas, que acreditam numa grande “ameaça fascista e golpista” sem levar em conta a luta de classes e o que cada candidato representa nela. Ambos acreditam na possibilidade de um golpe de Estado e desconsideram o processo real da luta de classes. Todos esses idealismos só poderiam gerar as situações mais patéticas ao longo dessa semana.

3 – Ainda que o objetivo aqui não seja uma análise das eleições em si, é importante tomar alguns dados sobre as candidaturas e dos posicionamentos das classes dominantes. Após quase 2 anos preso e impedido de participar das eleições em 2018, Lula retornou ao cenário político nacional, articulando uma frente ampla com frações estratégicas da burguesia e com importantes partidos e políticos representantes dos ricos e do imperialismo. Só ingênuos podem acreditar que isso foi por que ele “provou sua inocência”, ou pior, acreditar que foi fruto da pressão da pífia campanha “Lula livre”.

4 – Lula retorna ao cenário político sob a tutela de setores da burguesia e do imperialismo pra fazer exatamente o que está fazendo: organizar um novo bloco no poder com mais eficiência e estabilidade para a acumulação capitalista no Brasil. Que isso desagrade parcelas da burguesia rural e comercial, setores da pequena-burguesia e das forças repressivas vinculadas ao bolsonarismo, não temos dúvida. A burguesia rural (chamada de “agronegócio”) tem sido um agente central dos bloqueios de estradas, não apenas os caminhoneiros bolsonaristas. Essas serão as principais forças sociais da oposição de direita ao futuro governo Lula/Alckmin (PT-PSB). Mas não possuem força suficiente, nem contexto, para uma ruptura com a ordem democrático burguesa nem uma criminalização absoluta de Lula e do PT, que aliás tem servido de tantas formas a seus interesses de classe (e eles sabem disso).
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Dilemas sobre os revolucionários e a participação eleitoral

Por Jiren D.

Ao considerar o histórico da militância operária e socialista no Brasil, do qual o anarquismo foi o pioneiro e também primeira força com expressão de massas, se detecta que desde o começo do século XX já existia o debate sobre a participação eleitoral, na época de hegemonia anarquista. Além da questão principista do abstencionismo anarquista, outros fatores históricos como exclusão do processo eleitoral de analfabetos, mulheres e imigrantes retiram a importância dessa questão na luta operária da época, pois a via da ação direta era a única alternativa.

A partir da criação do PCB, em 1922, o debate sobre a participação eleitoral da classe trabalhadora ganhou um novo fôlego com o surgimento do partido. Desde sua criação ele priorizou a disputa democratico-burguesa, o simbolo dessa virada histórica foi a criação do BOC (Bloco operário e camponês), sendo a primeira experiência de “candidaturas operárias” a disputar as eleições de 1927 e 1930 e depois dissolvido na ditadura varguista.

O que se seguiu, na experiência eleitoral do PCB, foi uma série de experiências históricas contraditórias, e mal-sucedidas, de alianças com a burguesia nacional que levaram a nenhum avanço revolucionário, muito menos democratico burguês, pois todas as táticas de alianças em momentos decisivos esbarraram em traição ou golpismo, mas principalmente sem poder de mobilização de massas. O PCB que foi reprimido e dissolvido pelo Varguismo, foi o mesmo que apoiou posteriormente Getulio até sua queda, tudo em prol da “unidade pelo desenvolvimento nacional” e da “luta antiimperialista”. O PCB, que achou que apoiando os políticos progressistas iria frear o golpe de 1964, se viu novamente na ilegalidade e cumprindo o papel de bombeiro contra a resistência armada até a reabertura do regime militar, os mesmo militares que hoje retornam à arena eleitoral.

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Relato do debate em Goiânia “As eleições e a posição anarquista”

No dia 10 de setembro ocorreu em Goiânia o primeiro debate promovido pelo jornal O Amigo do Povo. O tema “As Eleições e a posição Anarquista” foi debatido por 32 participantes de diferentes idades, ofícios, regiões e também de orientações políticas que não a anarquista.

A apresentação da perspectiva revolucionária de Bakunin sobre a política abriu a exposição da perspectiva anarquista. Em seguida, a leitura conjuntural serviu o parâmetro para analisar a relação das opressões e lutas atuais do povo no Brasil. O debate rico perdurou durante três horas seguidas na manhã de sábado, com a conclusão de que há a necessidade e anseio, não somente em Goiânia, mas no Brasil Central, em construir coletivamente uma organização anarquista. Nas grandes cidades e sobretudo no interior do país. O próximo governo, independente daquele que for eleito, se apresenta com planos para a política e classe burguesas. Nela o povo não está incluído, a não ser para ampliar a dominação política e acirrar a exploração econômica sobre ele.

Agradecemos a todos os presentes no debate, e esperamos fomentar os debates e sobretudo ações para o enfrentamento daqueles que nos oprimem e tentam nos cercar. A necessidade de nossa organização para a luta é sempre evidente para alcançar nossos objetivos históricos. Nos solidarizamos com as lutas que são travadas em todos os cantos desse país e do mundo.

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O AMIGO DO POVO nº3 – Setembro/Outubro/Novembro 2022

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Nesta edição:


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Editorial | Que as lutas populares substituam a farsa das urnas!

Editorial do Jornal O Amigo do Povo, nº3, Setembro/Outubro/Novembro de 2022.

Por Antônio “Galego”.

No dia 24 de junho a PM reprimiu em Mato Grosso do Sul a retomada Guapo’y Mirin Tujuri dos Guarani Kaiowá, deixando dezenas de feridos e mortos. No Rio de Janeiro as chacinas da polícia seguem aterrorizando o povo, em 2021 no Jacarezinho (28 mortes), em maio desse ano na Vila Cruzeiro (25 mortos) e no último 22 de julho no Complexo do Alemão (19 mortos). Em 5 de junho os ativistas Bruno Pereira e Dom Phillips foram assassinados e esquartejados na Amazônia, e, verdade seja dita, resistiram heroicamente de arma em punho. Vivemos uma guerra de classes, é preciso assumir isso. É uma condição para uma prática transformadora num país como o nosso. E essa guerra não é particularidade do governo atual e não terminará em outubro.

Contrastando com essa realidade, temos as movimentações políticas dos partidos para as eleições. Bolsonaro tenta recuperar a popularidade frente a um governo que teve como política desde o início o benefício dos banqueiros e latifundiários, que aumentou a precarização do trabalho, a concentração de terras, a fome, as reformas neoliberais. Por outro lado, o candidato opositor, Lula, deixou muito claro no dia 9 de agosto na sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP) o caráter burguês e neoliberal de um futuro governo “lulista”, assim como deixou clara a sua avaliação “positiva” da história do PT (conciliação de classes, privatizações, impulso ao agronegócio, etc.).

Nas eleições os candidatos dançam e se exibem para os ricos querendo se mostrar os mais eficientes no desenvolvimento do sistema, ao mesmo tempo precisam mentir aos pobres prometendo melhorias sociais. É a velha “corda bamba” oportunista da democracia burguesa, muito útil para aparentar uma consciência democrática, inclusiva, e fazer o pobre lascado colaborar com sua própria desgraça. No dia seguinte das eleições o trabalhador volta pra sua vida de exploração e de privações e o rico volta a mandar na economia e na política nacional. Continuar a ler

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A luta por moradia no DF e a criminalização do MRP

Matéria do Jornal O Amigo do Povo, nº3, Setembro/Outubro/Novembro de 2022.

Por Aurora.

Foto: Resistência das famílias sem-teto do MRP contra reintegração de posse. Setembro de 2015.

Em Brasília uma coisa é fato, o direito à moradia não significa nada frente à especulação imboliária protagonizada pelos empresários, políticos e o próprio Estado (via Terracap). A aprovação do PL 4188/2021 de Bolsonaro que autoriza a penhora do único imóvel de uma família pelos bancos só tende a piorar ainda mais o acesso a moradia na Capital (e claro no resto do país).

O Estado além de acumulador é também um fiel escudeiro da burguesia imobiliária. Não importa se o governo é de esquerda, centro ou direita ele estará lá para impedir ocupações, expulsar a população marginalizada e criminalizar os que luta.

O maior exemplo da injustiça contra os que lutam por moradia no DF é a criminalização do Movimento de Resistência Popular (MRP). Desde que ocuparam o hotel abandonado Torre Palace, em 2015 as lideranças do movimento sofrem com acusações falaciosas que vão desde extorsão das famílias (negada em diversos depoimentos pela próprias famílias) e associação criminosa. Isso tudo iniciado sob a gestão de Rollember (PSB)!

Sabemos que a intensão da justiça e do governo é prender as lideranças e principalmente desmantelar o movimento que era o mais combativo e independente movimento por moradia no DF. Os julgamentos são uma piada, a justiça não conta com provas concretas. Apenas o depoimento de um policial infiltrado coaduna com as acusações perpetradas contra o movimento. Continuar a ler

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