Bets: empresas e governo lucram com desejo dos pobres por uma vida melhor

Publicada no Jornal O Amigo do Povo, nº11, Novembro/Dezembro de 2024.

Aurora

“Aprender a cair e dar aula de levantar: deu ruim, a gente tenta de novo, de novo e de novo…” esse é o slogan da Betnacional, ecoada pela voz dos ídolos: Ludmila, Seu Jorge, Vini Jr. e Thiaguinho. Evocando a resiliência do povo brasileiro as casas de apostas on-line lucram em cima de suas condições miseráveis. Os famosos são a cereja do bolo, usurpando o orçamento pífio dos trabalhadores, as bets fazem crer que a insegurança financeira, pode ser vencida com a sorte.

Há uma minoria que ganha, mas a realidade é de endividamentos estratosféricos. A destinação de parcos recursos, para essas casas de apostas, só demonstram que há um desespero por parte da classe trabalhadora em sair da carestia. Segundo dados do próprio banco central, só os beneficiários do Bolsa Família gastaram mais de 3 bilhões de reais em apostas on-line. Continuar a ler

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Eleições de 2024 e a perspectiva classista: análise crítica da democracia burguesa e o caminho para uma alternativa popular

Publicada no Jornal O Amigo do Povo, nº11, Novembro/Dezembro de 2024.

Jiren D.

Em outubro de 2024, ocorreram no Brasil as eleições da democracia burguesa para prefeitos e vereadores. O processo eleitoral foi marcado por uma polarização intensa e também por um racha na direita, exemplificado pela candidatura de Pablo Marçal em São Paulo e pela disputa entre os candidatos de Bolsonaro e Caiado em Goiânia.

De uma perspectiva classista, uma análise crítica vai além dos números e votos, considerando os atores sociais envolvidos, como partidos políticos, frações da burguesia e representantes dos diferentes interesses do capital. Essa análise ajuda a entender como a estrutura político-econômica influenciou o pleito e moldou a disputa eleitoral burguesa.

No geral, as eleições marcaram um fortalecimento do chamado “Centrão”, com partidos como PSD, MDB e PP sendo os que elegeram mais prefeitos, com 887, 856 e 747, respectivamente. A vitória da “centro-direita” pode ser analisada pela força das emendas e do orçamento secreto do Congresso, o que mostra a influência da máquina pública nas eleições. O PL de Bolsonaro elegeu quatro prefeitos em capitais, enquanto o PT elegeu apenas um, ficando bem abaixo da expectativa para um partido que controla a máquina pública federal, mostrando uma previa das prováveis chapas das eleições presidenciais em 2026, com enfraquecimento do PT e provável racha da direita que deve ter uma candidato bolsonarista e um do “centrão”. Continuar a ler

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Avanço da Luta Classista dos Catadores em Goiás: Plenária de Formação do MNCR-GO

Publicada no Jornal O Amigo do Povo, nº11, Novembro/Dezembro de 2024.

Jiren D.

Um importante passo para o fortalecimento da luta classista dos trabalhadores marginais em Goiás será dado com a realização da Plenária de Formação Militante do Movimento dos Catadores de Materiais Recicláveis de Goiás (MNCR-GO). Entre os dias 15 e 17 de novembro, em Goiânia, cerca de 30 catadores, representantes de mais de 10 cooperativas da região metropolitana e do interior do estado, se reunirão para dedicar-se à formação política, à reestruturação das bases orgânicas e, principalmente, à construção de uma jornada de lutas dos catadores no estado.

Esse encontro ocorre em um contexto desafiador para a categoria, que vem enfrentando ataques sistemáticos da chamada “Máfia do Lixo” em Goiás. A paralisação recorrente da coleta seletiva em cidades como Goiânia e Aparecida de Goiânia, além do fechamento abrupto de lixões no interior sem qualquer plano de transição para a coleta seletiva, tem deixado os catadores sem seu sustento básico. Em um cenário de crescente precarização, a plenária se propõe a ser um espaço de organização e fortalecimento para que os catadores possam resistir e avançar nas conquistas da classe.

A presença do Grupo Libertação Popular na plenária reforça o compromisso com a autonomia e combatividade dos trabalhadores. A iniciativa visa retomar a tradição histórica do movimento dos catadores, marcada pela luta direta e pela unidade de classe. Com uma formação baseada nos princípios da ação direta, da solidariedade de classe e da independência política, o MNCR-GO reafirma seu compromisso com a transformação social e com a construção de um movimento que resista aos interesses do capital e valorize o protagonismo dos catadores. ■

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70 anos da revolta de Trombas e Formoso

Publicada no Jornal O Amigo do Povo, nº11, Novembro/Dezembro de 2024.

Érico.

A região que atualmente integra o norte goiano, esteve no centro de uma revolta entre os anos de 1954-1957. Trombas e Formoso foram povoados por posseiros entre 1940 e 1950, em terras sem destinação. Logo cedo, a região passou a ser de interesse de algozes dos trabalhadores do campo: grileiros apoiados pela polícia goiana, que tentavam roubar as terras dos trabalhadores. A região passou a interessar pelos rumos da construção da nova capital do país e da construção de uma rodovia, a Belém-Brasília (BR-153).

Como forma de oprimir os camponeses nos períodos de colheita, os grileiros chegavam com jagunços e a polícia para requerer metade do que era produzido pelos trabalhadores nas plantações. Com a crescente perseguição, os trabalhadores passaram a se organizar. Fundaram a Associação dos Lavradores e os Conselhos de Córrego, que funcionavam como entidade base nos territórios. Nesses conselhos organizavam mutirões para que as famílias tivessem alimentos, além de realizarem deliberações coletivas, respeitando a coletividade e nunca autoritário. Continuar a ler

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General Manoel Padeiro, o líder quilombola que ameaçou o regime escravista no Rio Grande do Sul

Publicada no Jornal O Amigo do Povo, nº11, Novembro/Dezembro de 2024.

Aurora.

Os quilombos como resistência a escravidão já, felizmente, fazem parte do imaginário anti-escravista da história brasileira. Zumbi dos Palmares e Dandara são ícones que conhecidos, sendo o dia da consciência negra, criado oficialmente como referência ao dia da morte de Zumbi.

Entretanto, outras experiências da resistência quilombola que existiram e existem em quase a totalidade do território nacional, encontram-se esquecidas na história do país. Na região do Sul, pouco se fala do escravismo, sendo a região relacionada preliminarmente a uma memória republicana, com uma agricultura desenvolvida pelo trabalhador livre (e muitas vezes associada ao imigrante europeu). Como consequência do negligenciamento da discussão sobre a escravidão houve também um apagamento das resistências históricas do povo negro ao regime escravista também existente na região. Continuar a ler

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Ambulantes, precisamos nos organizar!

Publicada no Jornal O Amigo do Povo, nº11, Novembro/Dezembro de 2024.

Guina, ambulante militante do GLP

Foto: Propaganda do jornal O Amigo do Povo em banca de ambulante em Goiânia.

Nas feiras, pelas ruas, nos parques da cidade, nos semáforos, nas calçadas de avenidas movimentadas, sem garantia de ganho mínimo e nem do tamanho da jornada, não somos donos dos pontos de trabalho, somente das oportunidades de venda que passam por onde montamos nossos expositores e bancas, por onde nem sempre somos bem vindos. A clandestinidade e o risco seriam ainda boas companheiras se viessem junto com a autonomia para o trabalho, porém muito de nós passa por isso tudo de forma terceirizada, gerando riqueza e lucro para patrões, algo que um vendedor ambulante não deveria ter, mas que já é uma situação bastante comum entre quem vive de venda ambulante.

Verdadeiras empresas clandestinas obtém lucro transformando trabalhadores independentes em funcionários, tirando vantagem de driblar direitos trabalhistas e condições dignas de trabalho que deveriam fornecer como empregadores formais.

Essa condição de exploração dos trabalhadores informais só se tornou possível pelo desmonte da cultura de organização dos trabalhadores por eles mesmos. Nenhum direito trabalhista foi presente de político como tentaram nos ensinar, nenhum dos direitos que eles atacam e destroem sempre que podem saiu da cabeça de nenhum deles, todos foram pensados por trabalhadores organizados que provaram ter razão sobre tudo que exigiam. Continuar a ler

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Autodisciplina e disciplina mecânica na era dos coaches

Publicada no Jornal O Amigo do Povo, nº11, Novembro/Dezembro de 2024.

J.C. Ramos

A indisciplina na militância é frequentemente discutida, é generalizada a frouxidão na adesão dos indivíduos às normas e ao programa de organizações e partidos. A indisciplina é um obstáculo para a organização e o cumprimento desde tarefas simples às complexas, oque afeta o desenvolvimento do trabalho politico cotidiano.

Há tempos a disciplina é um tema em disputa. Lênin argumentava que a disciplina devia ser proletária, aquela adquirida nas fábricas (disciplina mecânica), enquanto Rosa Luxemburgo criticou essa visão, associando-a a uma reprodução do Estado burguês e propondo a autodisciplina como uma alternativa que rompia a hierarquia e que buscava uma reeducação por meio da práxis política. Bakunin, revolucionário da geração anterior a eles e também defensor da autodisciplina, ora foi um inimigo ferrenho de modelos disciplinares mais rígidos, outrora visou encontrar um meio-termo e defendeu que na ação politica uns deviam dirigir e ordenar, outros executar as ordens. Mas nenhuma função de comando deveria se petrificar. Continuar a ler

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Avançar a luta pelo fim da escala 6×1 com luta e organização popular pela base

Panfleto do Grupo Libertação Popular (GLP), novembro de 2024 [ BAIXE EM PDF ]

A Realidade Precária do Trabalho 6×1

Hoje, milhões de trabalhadores brasileiros estão sujeitos à escala 6×1. Setores como comércio, serviços, bares, restaurantes, shoppings e supermercados seguem essa jornada de trabalho exaustiva e precarizante, em que a jornada pode chegar a 7 horas e 20 minutos, seis vezes por semana, com apenas um dia de folga. De acordo com o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), só no comércio são 10,5 milhões de trabalhadores enfrentando essa rotina desgastante, submetidos a longas jornadas e a uma constante pressão por produtividade.

Esse sistema impõe um ciclo prejudicial que limita o tempo de descanso e lazer, agravando o quadro de exaustão e comprometendo a saúde física e mental de milhões de trabalhadores.

O mérito e os limites do Movimento VAT: é preciso ir além

O movimento “Vida Além do Trabalho” (VAT) surgiu no ano passado nas redes sociais, com forte repercussão no TikTok, ganhando seguidores que também sofrem com a escala 6×1. Liderado por Rick Azevedo, ex-balconista de farmácia e vereador pelo PSOL no Rio de Janeiro, o movimento tem seus méritos por dar visibilidade à causa, mas sua estratégia mostra-se fortemente orientada para o eleitoralismo, com foco em sensibilizar parlamentares e construir candidaturas “dos trabalhadores” – dentro do mundo burguês. Como já indicou Marx, o “Estado é o balcão de negócios da burguesia,” e essa estratégia tende a tirar o protagonismo dos trabalhadores comuns. Continuar a ler

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Catadores de Goiânia paralisam a Coleta Seletiva em resposta à crescente precarização

Desde o dia 07 de novembro de 2024, os catadores das cooperativas de Goiânia suspenderam a coleta seletiva em resposta à crescente precarização do serviço e à indiferença do poder público. Frente a uma crise que atinge diretamente o trabalho digno e a sobrevivência dos catadores, a ação direta dos trabalhadores surge como a única resposta possível aos crescentes ataques à categoria.

A luta e a organização dos catadores são as únicas ferramentas capazes de gerar força e resistência para enfrentar o descaso da “máfia do lixo”, que tenta monopolizar e lucrar com o descarte de materiais recicláveis, em detrimento das cooperativas e associações que, há mais de uma década, buscam o sustento de suas famílias com esse trabalho essencial para a cidade e para o meio ambiente.
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DF | As eleições do SINPRO e a unidade das oposições

Grupo Libertação Popular (GLP-DF) – Brasília, Outubro de 2024.


Esse texto é dirigido a todos os professores da rede básica de Educação do Distrito Federal, efetivos e temporários, aposentados, filiados e não-filiados ao sindicato, em especial aos professores que, com um grande senso de justiça e indignação, se opõem a atual diretoria do SINPRO, se organizando ou não em grupos e movimentos de oposição. É um chamado à reflexão, ao debate e à luta. As coisas não vão bem, mas podem piorar ainda mais. Só com nossa luta e união poderemos mudar essa realidade.

A nossa situação atual

Vivemos uma década de arrocho salarial e perda de direitos, uma expansão desenfreada do trabalho temporário, a criação e consolidação de escolas militarizadas, a privatização da educação infantil através de “parcerias”, o sucateamento e desvalorização da formação continuada, a incompetência e a lógica neoliberal do Novo Ensino Médio, e como se não bastasse, nas últimas semanas trabalhamos debaixo de fumaça e com a ameaça de novo ataque à previdência com a PEC 66. Tudo isso tem gerado adoecimento físico e psicológico da nossa categoria, em um clima de cansaço e desesperança.

Todos esses retrocessos são marcas dos últimos governos do DF, de esquerda e de direita, mas também da atual diretoria do SINPRO. A destruição da campanha salarial desse ano é de inteira responsabilidade deles. A pífia “luta” contra a PEC 66 demonstra a inutilidade também da CUT e da CNTE, quando o mínimo seriam dias nacionais de greves e mobilizações, marchas à Brasília, etc. A diretoria do SINPRO (PT e PCdoB) tem sido incapaz de gerar a confiança na base de que a nossa luta e organização podem conquistar direitos e melhorias. Seus métodos e táticas falidas desmoralizam a luta sindical, quando muito orientam pelo “menos pior” ou participam de mil eventinhos institucionais e negociatas de gabinete e as apresentam cinicamente como “vitórias da luta”, enquanto na realidade amargamos uma avalanche de derrotas e retrocessos. Continuar a ler

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