Apresentação do Jornal O Amigo do Povo, nº1, Março/Abril/Maio de 2022.
Aqui começa a história do jornal O Amigo do Povo. Um jornal anarquista e revolucionário do interior do Brasil. A distribuição e o conteúdo buscarão abranger a região central do país. Se você é de alguma cidade de Goiás, Distrito Federal, Mato Grosso do Sul ou outro estado, entre em contato, leia e distribua o nosso jornal!
Nossa missão e compromisso
O Amigo do Povo é a voz dos eternamente esquecidos e deserdados, dos trabalhadores pobres e oprimidos dessa terra. Daqueles que constroem com suas mãos todas as riquezas e belezas do nosso imenso país, mas que em troca recebem violência, humilhação e fome.
Queremos que essa voz chegue em cada vila, povoado, aldeia, periferia, posto de trabalho, presídio, comunidade camponesa, cortiço, no mais profundo dessa região. É daí que retiramos toda nossa força e nossas bases de apoio, nosso pensamento e tradições de resistência. É nessa massa trabalhadora que repousa a única esperança da Revolução Social redentora, que irá esmagar os exploradores e construir uma sociedade nova, livre e igualitária.
O futuro do Brasil pertence ao Trabalho e à Liberdade! Para isso temos que varrer para sempre de nossa terra um punhado de ricos parasitas, políticos corruptos e milicos assassinos, e principalmente destruir o sistema que os sustentam: o capitalismo e o Estado. Imensa tarefa! Mas em cada greve, manifestação, revolta, ocupação de terra, o povo dá provas de que pode e irá vencer, que pode e irá se autogovernar.
Ajudar a organizar e enraizar as forças da Revolução no seio das massas populares em nossa região, eis a principal missão do jornal O Amigo do Povo. Daremos uma pequena ajuda, é claro, mas honesta e combativa. Somos uma gota d’água na grande tormenta, agindo e vivendo como amigos do povo, de igual para igual, assim agem os anarquistas revolucionários.
Nosso pensamento-guia
Sabemos que a propaganda por si mesma é muito limitada. Para mudar o nosso terrível destino, só com fatos e ações concretas! Por isso somos um jornal de combate, em defesa do fortalecimento de organizações sindicalistas revolucionárias e da reconstrução do Partido da Revolução, como defenderam Proudhon, Bakunin e Makhno.
As questões estratégicas para a vitória da revolução brasileira e da luta popular (questão econômica, política, social, internacional, etc.) precisam urgentemente se tornar o foco dos anarquistas. Só assim o anarquismo irá cumprir seu dever com o povo e ao passo ir se massificando, ganhando a confiança e o engajamento dos trabalhadores. Nosso compromisso é com nossa classe social, não com os meios virtuais/políticos ditos de “esquerda” ou “libertários”, tão contraditórios quanto inúteis para a emancipação do proletariado.
Reivindicamos o acúmulo histórico do Bakuninismo e do Sindicalismo Revolucionário no Brasil. Nesse processo tivemos erros e problemas, mas muito mais acertos e uma grande contribuição pra luta popular: não pode existir política revolucionária sem luta contra o reformismo, seja ele marxista ou “libertário”. O jornal surge pra contribuir com a continuidade desse processo, como uma liga entre velhos e novos militantes, grandes camaradas que não sucumbiram às modas e pressões da pequena-burguesia socialdemocrata e liberal/pós-moderna.
Defendemos a teoria da Revolução Integral, elaborada pelo maior revolucionário de todos os tempos: Mikhail Bakunin. Somos contra as diferentes ideias ditas “revolucionárias” sobre etapas de transição “democrático-burguesas”, sejam de origem comunista ou desenvolvimentista. Elas são enganações para o povo e o desviam para a colaboração com o inimigo de classe, constroem novas escravidões e ilusões. Somos anarquistas! Lutamos pela emancipação integral do proletariado, só possível com a destruição simultânea e imediata do Estado e do Capital.
Em defesa da independência de classe
Nosso jornal surge em um momento chave do país. A maior crise de organização e direção da classe trabalhadora é uma consequência da estratégia reformista de conciliação de classes do PT, PCdoB, PSOL e seus satélites. Isso tem colocado os trabalhadores numa situação péssima frente aos ataques dos governos e patrões, em especial do governo Bolsonaro.
A política lulista, com a farsa da “unidade antifascista” e da “frente única”, aprofunda seu caráter burguês e contrarrevolucionário se aliando aos que ontem eram conhecidos como fascistas e mafiosos. Lula e o PT propõe um novo acordão. No fim das contas, Bolsonaro, Lula, Moro, Dória ou Ciro são candidatos da burguesia, submissos ao sistema que massacra nosso povo. Todos são parte do problema, farinha do mesmo saco. E grande parte dos partidos socialdemocratas/comunistas (da “esquerda”) vão se afundando na lama da conciliação e do oportunismo eleitoral, satélites da estratégia e da chantagem lulista.
Para a classe trabalhadora seguir o lulismo ou o bolsonarismo significa o suicídio da sua ação independente como classe. Significa aprofundar a crise do proletariado, reduzido a massa de manobra dos projetos burgueses de poder. Por isso, nos próximos anos uma grande batalha pela independência de classe precisa ser travada. É a única chance de superar a crise de organização. Assim como retomar a ação direta das massas por suas reivindicações sociais e econômicas.
Por outro lado, o atoleiro sem fim que se enfiou a esquerda reformista, e que levou nossa classe junto, reduziu essa esquerda a quase nada, e por isso mesmo traz a possibilidade de reorganização do povo, de “começar de novo”, por fora e contra essa tradição. São as brechas em meio ao caos para um novo encontro histórico entre o povo brasileiro com o anarquismo e o sindicalismo revolucionário. É uma hipótese improvável, mas possível e necessária. Devemos trabalhar por ela, nosso povo precisa dela.
Ir ao povo
Nenhuma luta séria por mudança pode ter êxito sem um profundo amor ao povo. Por isso, em nossa juventude combativa do interior do Brasil, sinceros lutadores do povo, é necessário lutar contra todas as tendências que a afastam das massas. A admiração exagerada do que é de fora, excêntrico, metropolitano, está relacionada com uma mentalidade derrotista, muitas vezes idealista e elitista, de que aqueles ao nosso lado são “alienados” e “atrasados”.
É preciso ser povo, se identificar com o nosso povo. Isso se torna real através de práticas cotidianas de vida e combate, na relação com os vizinhos, famílias e colegas de trabalho, valorizando e construindo o trabalho de base nas nossas localidades. Precisamos construir um internacionalismo classista desde as bases, da periferia para o centro, com raízes fortes e duradouras.
Não existe atalho na luta revolucionária, não existe vitória popular de improviso. Quem toma a moda do dia como verdade, quem perde o foco, é um iludido ou um potencial enganador. O caminho é difícil. Por isso, aprender com os erros, separar o joio do trigo, é uma questão de sobrevivência pra nós. Séculos de sangue, suor e pólvora derramado no nosso chão provam isso.
Camaradas! Sigamos em frente na luta pela Revolução Integral! Sigamos lutando pela unidade proletária contra o Estado e a propriedade privada! Sigamos com a força das tradições coletivistas e rebeldes dos povos indígenas, negros, brancos e mestiços que conformam as raízes da classe trabalhadora brasileira! Em cada luta pela vida, das menores às mais grandiosas, dos trabalhos de formiguinha às semanas decisivas, seremos sempre amigos desse bravo e grandioso povo!