Matéria do Jornal O Amigo do Povo, nº1, Março/Abril/Maio de 2022.
por Galeano.
Em 21 de Abril de 1960, o Estado brasileiro e a burguesia comemoravam a inauguração da nova capital do país. A imprensa noticiava uma festa de 24 horas, tentando validar a ilusão de que a construção de Brasília teria sido um progresso para todos.
A mesma não tinha noticiado, um ano antes, o Massacre da GEB, quando milhares de trabalhadores Candangos foram assassinados no Acampamento da empreiteira Pacheco Fernandes, na Vila Planalto. O Massacre cometido pela Guarda Especial de Brasília, que depois seria a base da Polícia Militar do DF, é símbolo da ilusão que o Estado vende!
Após se queixarem diversas vezes da péssima qualidade da comida servida, no dia 8 de Fevereiro de 1959 os trabalhadores da Pacheco Fernandes se rebelaram. Naquele dia foi servida comida estragada no almoço, em pleno carnaval! Muitos relatos dão conta que a comida foi servida azeda de propósito para que os trabalhadores não fossem para os festejos de carnaval, o que supostamente iria atrapalhar o andamento das obras.
Os bravos trabalhadores já enfrentavam a precarização das condições de trabalho, com a falta de equipamentos de segurança, que enfrentavam as perseguições dos patrões (empreiteiros) para trabalhar duas/três jornadas de trabalho em um dia, o tal ritmo “JK” de 36 horas de trabalho por dia.
Após a revolta, que deixou a cantina da empreiteira parcialmente destruída, muitos dos trabalhadores saíram do acampamento em direção à Cidade Livre (Atual Núcleo Bandeirante) para o Carnaval. À noite, quando muitos retornavam, aconteceu a covarde casinha da GEB, que metralhou centenas de trabalhadores ainda no portão do acampamento, e depois dentro dos dormitórios.
Brasília já nasceu suja com o sangue de trabalhadores! O Massacre da GEB é um dos tristes episódios em que a classe trabalhadora foi massacrada durante a construção de Brasília.
Para nós trabalhadores a data de inauguração de Brasília deve lembrar os nossos, os que morreram nas construções da cidade e os que morreram perseguidos pela polícia! ■