Internacional | Continuam os ataques às comunidades autônomas zapatistas

Matéria do Jornal O Amigo do Povo, nº2, Junho/Julho/Agosto de 2022.

Foto: Marcha zapatista “Alto a las guerras”, dia 13 de março de 2022.

Por Aurora.

Os camaradas indígenas zapatistas (México) seguem sendo atacados e expulsos de seus territórios pela organização paramilitar ORCAO . Isso tudo com apoio (direto ou indireto) do governo Mexicano, supostamente de esquerda. Os apoiadores do movimento zapatista do México já vem denunciando tais ações há anos e nada tem sido feito por parte do governo para frear a guerra perpetrada contra os povos zapatistas. Muito pelo contrário, o silêncio das autoridades estatais é a regra.

Para expulsar os compas zapatistas de seus territórios a ORCAO já realizou sequestro, tiroteios, queima de depósitos de alimentos, cercamento das áreas de plantio e do acesso a água, intimidações, além das calúnias e difamações que já são regras. Recentemente a Rede de Resistência e Rebeldia Ajmaq denunciou a expulsão de 29 famílias do povoado zapatistas “La Resistência” e mais outras 54 do povoado Emiliano Zapata.

A verdadeira intenção da ORCAO é se apoderar das terras zapatistas a fim de obter o reconhecimento oficial delas pelo Estado e assim ter acesso ao programa governamental “Sembrando Vidas” . Já o Estado tem o interesse que as terras daquela região saiam do controle dos zapatistas pois elas como estão não são mercantilizáveis. Vemos uma nova face do colonialismo interno tomando forma no México, onde ORCAO e Estado mexicano se unem na tarefa de expulsar o povo que busca viver de forma autônoma.

Para o Estado esta é uma situação interessante pois este não se envolve diretamente no confronto, deixa o papel de “bandeirante” para a ORCAO, mas ele é quem mais vai ganhar. Afinal pode ter o trunfo de ter novamente o controle capitalista da terra (seja para seu domínio próprio, seja para empresas privadas e estrangeiras). E dessa forma segue a guerra contra as comunidades zapatistas. Ora em uma intensidade mais baixa, ora de intensidade mais elevada.

É preciso denunciar tal situação, oferecer nossa solidariedade aos companheiros zapatistas e ter claro que vivemos um período de guerra, e as guerras são principalmente contra os povos que resistem diariamente contra a lógica perversa do capitalismo e de seus Estados. ■

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