Matéria do Jornal O Amigo do Povo, nº2, Junho/Julho/Agosto de 2022.
Por Érico.
A Universidade de Brasília completa um ano e meio de aulas remotas. Nesse período, professores universitários, técnicos-administrativos e estudantes estiveram “fora” da universidade. Somente os trabalhadores terceirizados (limpeza, vigilância entre outros) vítimas da precarização do trabalho e considerados essenciais para a manutenção dos prédios, e vigilância dos campi, estiveram presentes nas dependências da universidade. A exploração pode ter custado vidas desses trabalhadores da UnB que morreram devido a covid-19. Mas a ‘vida universitária’ continuou, e o mote “ninguém fica para trás” entoado pela reitoria, pareceu cada vez mais irônico e um dito de mau gosto. As condições precárias de estudo no ensino remoto, a precarização do trabalho dos professores e os (altos) índices de evasão nas disciplinas apontam o cenário deprimente da educação. A postura de alinhamento do DCE-UnB com as instâncias de deliberação da universidade e sua estratégia de pouca comunicação e desmobilização da base estudantil, revelam o contentamento e desprezo pela luta combativa.
Mesmo com o avanço na imunização da população no DF e Entorno, a Universidade de Brasília é uma das últimas instituições de ensino a retornar ao ensino presencial. Para o retorno a instituição prevê a adoção do passaporte vacinal como forma de controle – ineficaz e prova da arrogância elitista adotada pelas instâncias da universidade – trazendo contraste ao cenário da maior parte dos estudantes do povo e trabalhadores vindos das cidades na periferia de Brasília, e que acessam a universidade através de transportes públicos que nunca deixaram de estar lotados, nem mesmo nos períodos de pico de contaminação por covid-19.
Urge a mobilização dos estudantes e trabalhadores para derrubar as medidas de controle e restrição que imperam na universidade. Contra o passaporte da vacina, contra o controle dos espaços de organização estudantil, e contra a precarização e desmonte do ensino presencial! Devemos lutar pela ampliação dos auxílios para sobreviver e poder estudar, pela ampliação da oferta de linhas de ônibus das regiões administrativas e municípios até os locais de estudo próximos a universidade, ampliação das viagens dos intercampi, luta contra o desmonte e a precarização do ensino presencial nas universidades e institutos federais, pela ampliação do passe-livre estudantil a estudantes do Entorno do DF, e pela ação direta contra os desmontes às políticas educacionais. Esses são apenas alguns exemplos das nossas necessidades das lutas reivindicativas que deverão incomodar a Reitoria, o GDF e o Governo Federal. A construção da via combativa pela democracia de base, autonomia e a ação direta são os caminhos organizativos que defendemos para construir uma universidade popular e que sirva ao povo! ■