Eleições em Goiás: a hegemonia conservadora e o descontentamento popular

Matéria do Jornal O Amigo do Povo, nº3, Setembro/Outubro/Novembro de 2022.

Por Jiren D.

As eleições para o governo de Goiás vão ter 9 candidaturas entre partidos de direita e de esquerda, todos em busca de garantir a exploração através do Estado burguês. As pesquisas apontam reeleição, no primeiro turno, do conservador Ronaldo Caiado (União Brasil), ficando à frente do também direitista, Gustavo Mendanha (Patriota), com 24,9%. O total das intenções de voto nos partidos intitulados de esquerda (PT, PSOL, PCB, e UP) não chegou aos 5%. Outro dado é que mesmo com a polarização ideologica e investimentos publicitários do TSE incentivando o voto, 11% dos eleitores declaram que irão se abster, o que ultrapassa a somatória de outros seis partidos, de direita e esquerda, que estão na corrida eleitoral.

Se as projeções se confirmarem, a vitória do bolsonarista Caiado no primeiro turno, representa a manutenção no poder do representante das oligarquias rurais e lideranças religiosas (principalmente evangélicos) que tem grande força política em Goiás devido ao clientelismo eleitoral, Caiado se mantendo ileso mesmo sofrendo resistência por parte da pequena-burguesia rural bolsonarista insatisfeita com sua posição “recuada” na defesa das aventuras de Bolsonaro. Já Mendanha, candidato também Bolsonarista, tenta sustentar sua candidatura com o apoio de parte do empresariado como a FIEG, principalmente atacando o fechamento de indústrias como a Creme Mel durante o governo Caiado, algumas facções de igrejas evangélicas e prometendo gerar o aumento de empresas de serviços como fez na gestão de Aparecida de Goiânia.

Por último, a persistência do índice alto de abstenções demonstra que o descontentamento com a democracia burguesa continua grande e deve ser explorado. O alto índice de abstenção, ultrapassando as intenções de voto na esquerda, também deve ser lido como um indicativo da ausência de trabalho político junto às massas por parte dos reformistas que se fecham em nichos de pouca representatividade junto com o povo, como a Educação Federal e setores indentitários.

Aos anarquistas revolucionários só resta sair também do isolamento através da resistência organizada indo ao povo, em cada local de trabalho, estudo e moradia, formando agrupações classistas, combativas e independentes de patrões, governos e partidos eleitoreiros num projeto a longo prazo de reorganização da classe trabalhadora. ■

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