Matéria do Jornal O Amigo do Povo, nº4, Janeiro/Fevereiro/Março de 2023.
Por Antônio Galego.
O assassinato político de 3 curdos (Evîn Goyî, Abdurrahman Kızıl e Mîr Perwer) em Paris no dia 23 de dezembro de 2022 gerou protestos massivos e confrontos em várias cidades da França e do mundo. O sangue dos mártires em Paris traz a tona a política expansionista e genocida da Turquia, intensificada durante o ano de 2022, atacando militarmente cidades e guerrilheiros curdos no nordeste da Síria (Rojava), no norte do Iraque (Curdistão do Sul) e na Turquia.
Como explicamos na edição anterior, os trabalhadores curdos desenvolvem a luta armada em territórios estratégicos no Oriente Médio (Turquia, Síria, Iraque e Irã) com o objetivo de construir o socialismo e o confederealismo democrático. O governo turco de Erdoğan é o principal inimigo do movimento de libertação, um governo que comete crimes de guerra e segue impune pelas potências imperialistas e organismos multilaterais.
No dia 20 de novembro de 2022 a Turquia lançou um ataque aéreo em grande escala usando caças e drones nordeste da Síria (Rojava), atacando Kobanî, Dêrik, Dirbesiye, norte de Aleppo e outras áreas na fronteira turco-síria. Segundo o dossiê do Make Rojava Green Again, “os locais atingidos se estendem pelo espaço aéreo controlado tanto pelos EUA como pela Rússia, sugerindo que ambos os países sinalizaram positivamente para os ataques. O bombardeio aéreo tem até agora se concentrado na infraestrutura civil e nas instalações de serviços” [1]. Somente em 2022 a Turquia realizou 89 ataques, nos quais pelo menos 71 pessoas foram mortas e 124 ficaram feridas. [2]
Desde 14 abril de 2022 o Estado turco promove também uma invasão de larga escala no Curdistão do Sul (norte do Iraque), intitulada “Operação Garra Cerrada”. Segundo a declaração de 14/12/2022 das Forças de Defesa do Povo (HPG): “O exército turco cometeu crimes de guerra de uma crueldade sem precedentes e sem vacilar atacando as posições de nossas forças 3.152 vezes com bombas proibidas internacionalmente”. Além disso, na mesma declaração as HPG fazem um balanço dos oito meses de conflitos no norte do Iraque: “Assim, um total de 2.852 ações de guerrilha foram realizadas nos últimos oito meses. Foram mortos 2.744 membros das forças invasoras, incluindo 12 contras e 20 comandantes militares superiores, e pelo menos 385 outros foram feridos.” [3]
Por sua vez, no Curdistão Oriental (no Irã) os revolucionários curdos também tem atuado junto à luta das massas contra o governo fundamentalista e capitalista. Segundo declarou Şiyar Şevger, comandante das Forças de Defesa do Curdistão Oriental (YRK), o “Irã tem um papel chave no Oriente Médio”, e a crise na região continuará enquanto não houverem mudanças. Fazendo um balanço da luta: “A revolução exige um preço alto do povo, mas é inevitável. O regime deve compreender o seguinte: Se ele comete massacres contra o povo, o povo deve se defender. O povo de Rojhilat [Curdistão Oriental] e do Irã deram muitos mártires em 2022. Até agora houve cerca de 500 mártires.” [4]
Frente a tudo isso os curdos têm organizado uma gloriosa resistência aos seus inimigos, e como disse Şiyar Şevger “hoje, há guerra nas quatros partes do Curdistão”. Seguiremos noticiando e denunciando a política assassina do governo turco, o uso de armas químicas e seus interesses coloniais e contra-revolucionários. Como trabalhadores anarquistas apoiamos a luta socialista revolucionária curda e dos povos do Oriente Médio! Nos somamos na campanha pela liberdade de Abdullah Öcallan e pela libertação nacional e social do Curdistão! ■