A criação da Frente Antifascista do DF e o beco sem saída da esquerda

Matéria do Jornal O Amigo do Povo, nº5, Abril/Maio/Junho de 2023.

Antônio Galego

No dia 04 de março foi fundada a Frente Antifascista do Distrito Federal. A plenária foi convocada pelas entidades: CTB, CSP-Conlutas, PT, Policiais Antifascismo, MNLM, MPA, Comitê Abreu e Lima, Bem Viver, Sindsasc, Stiu. Apesar de tantas siglas, apenas cerca de 20 pessoas assistiam as falas repetitivas e os jargões da esquerda reformista. Foi um evento da burocracia.

Durante a plenária chegava-se a seguinte conclusão: que a tarefa da esquerda é “combater o bolsonarismo”, “desbolsonarizar” o Brasil, e com esse programa “retomar o trabalho de base e as ruas”. Alguns iam além e falavam em “atrair a direita democrática”, “defender o governo Lula” ou diziam que “junho de 2013 foi o início do fascismo”. Todo esse ruído silenciava as necessidades e lutas concretas da classe trabalhadora (por terra, moradia, trabalho, etc.) que sequer foram citadas no evento.

O que justifica a criação de “frentes antifascistas” na realidade atual? Porque durante os governos Temer e Bolsonaro isso não foi feito e agora é tão importante? Por que não se fala em unidade pra impulsionar e radicalizar as reivindicações concretas do povo?

Pra nós está claro que: 1º) a frente serve na prática para a defesa do governo burguês de Lula; 2º) Será incapaz de impulsionar as lutas do povo que naturalmente irão se chocar (não com o fantasma do “bolsonarismo”!) mas com o governo atual; 3º) não sendo capaz de se ligar aos interesses materiais das massas, esse “antifascismo” está fadado a aprofundar a crise de aburguesamento e burocratismo da esquerda; 4º) por fim, toda a intenção de “retomar o trabalho de base”, “ir pros locais de trabalho e periferias” com base nesse antifascismo governista e discursivo tende a ser ignorado, quando não rechaçado, pelas massas. Essa esquerda está refém de suas próprias contradições… ■

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