Gildo Rocha, presente! Os 23 anos do assassinato de um lutador do povo pela polícia do DF

Matéria do Jornal O Amigo do Povo, nº7, Outubro/Novembro/Dezembro de 2023.

Antonio Galego

No dia 06 de outubro do ano 2000 o trabalhador e militante socialista, Gildo Rocha, foi assassinado por dois policiais civis do Distrito Federal. Gildo era gari, funcionário SALUB (nome anterior do SLU), militante do PSTU e diretor do Sindicato dos Servidores das Empresas Estatais do DF (SINDSER).

O assassinato político de Gildo ocorreu durante uma greve dos garis. Na madrugada do dia 06, ele e mais dois companheiros de trabalho realizavam uma ação direta já tradicional nas greves da categoria: furavam sacos de lixo para dificultar o trabalho sujo dos fura-greves.

Quando estavam no centro de Ceilândia foram surpreendidos por um carro com três policiais civis a paisana, que renderam os dois amigos de Gildo mas o deixaram escapar de carro, iniciando a perseguição. Dois policiais o perseguiram, desferiram 17 tiros contra seu carro, atingindo e matando o trabalhador com um tiro nas costas.

O crime brutal segue impune até hoje, como tantos praticados por policiais e outros agentes do Estado. Um dos policiais faleceu em 2009 num acidente e nem chegou a ser julgado, o outro foi absolvido em 2019 por júri popular e segue livre. A estratégia racista da polícia desde o início foi desmoralizar e criminalizar os três trabalhadores, plantando provas falsas no carro de Gildo (uma arma e um cigarro de maconha).

O depoimento de um dos policiais acusados deixa claro a orientação racista da polícia: “Eram três homens parados fora de um carro, em frente a um banco, de madrugada, uma hora da manhã. Como ia imaginar que faziam piquetes?”. A política de “guerra às drogas”, que até hoje é responsável pelo aprisionamento e genocídio de tantos inocentes, naquela madrugada há 23 anos, via naqueles três trabalhadores negros alvos para a sua violência.

O governo de Joaquim Roriz (que um ano antes protagonizava ao Massacre da Novacap!), a polícia e o sistema jurídico são culpados por essa morte e a sua impunidade. Infelizmente a burocracia sindical do DF também tem sido responsável pelo apagamento dessa importante memória. Ontem, hoje e sempre a memória honrada e combativa de Gildo Rocha deve ser lembrada por todos os militantes e organizações populares. Ela reforça quem são nossos inimigos e do que são capazes, mas reforça acima de tudo a nossa determinação de seguir na luta pela libertação dos trabalhadores.

Não esquecemos, nem perdoamos!

Honrar os mártires do proletariado com luta e organização!

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