Publicada no Jornal O Amigo do Povo, nº10, Agosto/Setembro/Outubro de 2024.
Jiren Sama.
Os protestos em Bangladesh, iniciados em junho, emergiram quando estudantes se levantaram contra as cotas para cargos públicos destinadas a filhos de veteranos, muitos deles ligados ao partido governista Liga Awami da primeira-ministra Sheikh Hasina, que está no poder há mais de 15 anos. A indignação das massas populares rapidamente se transformou em um movimento antissistêmico mais amplo, com a insurreição resultando em incêndios de ônibus, shoppings e órgãos governamentais. A repressão estatal não tardou, com a proibição da internet, a prisão de milhares de manifestantes e um número crescente de mortos que já ultrapassa 400 pessoas.
Depois do governo recuar parcialmente, reduzindo as cotas para um percentual menor, os protestos continuam vigorosos. No dia 05 de agosto a primeira-ministra renunciou e fugiu do país, assumindo um governo interino, deixando o futuro do país incerto. A revolta popular em Bangladesh revela a força das massas quando decidem confrontar o Estado e o Capital e lutar por seus direitos, servindo de exemplo para outros contextos de lutas ao redor do mundo.
A juventude precarizada de Bangladesh mostra o caminho da revolta das massas populares para conquistar seus direitos, especialmente em um período de refluxo de lutas, como vemos no Brasil. Que os ventos dos protestos de Bangladesh ecoem pelo mundo e inspirem as massas populares a se rebelarem contra a injustiça e a repressão sistêmica. ■