A agonia do império e a tarefa dos revolucionários

Publicado no Jornal O Amigo do Povo, nº12, Fevereiro/Março/Abril de 2025.

Antonio Galego

A posse de Donald Trump para um segundo mandato na presidência dos Estados Unidos tem gerado inúmeras análises e reações em todo o mundo assim como no Brasil. Não é por menos, a mudança de gerência do império estadounidense impactará o mundo inteiro. Nesse pequeno texto iremos pontuar alguns elementos dos motivos e da natureza do novo governo Trump e a tarefa dos revolucionários.

Primeiro é importante limpar o terreno. A esquerda liberal brasileira tem a tendência de ver o mundo pela ótica parlamentar burguesa. Com base em simbolismos e dispositivos de pânico, a política da esquerda pendula entre o deboche (de Bolsonaro não ir pra posse, etc.) e o medo da ameaça “nazista”. É uma resposta desesperada que expõe a impotência de uma esquerda que não tem mais base popular, nem programa e nem estratégia de transformação. Tudo gira em torno de criar “climas” propícios a ganhos eleitorais.

O novo governo Trump é fruto do aprofundamento da crise interna e externa dos EUA. Internamente, há o crescimento da insatisfação dos trabalhadores e pobres, com a alta da inflação, desemprego, desastres naturais, etc. Essas contradições são um barril de pólvora, que levaram recentemente à revoltas e conflitos de grande intensidade.

O governo Biden aprofundou essas contradições materiais internas. Trump apresentou medidas concretas de mudança da política econômica: protecionsimo comercial, reindustrialização, redução da concorrência de mão-de-obra (política anti-imigração) e controle da inflação. Por isso teve um maior apoio da população trabalhadora, de negros e latinos já estabelecidos. É a extrema direita e frações da grande burguesia imperial dando respostas à crise, ainda que ilusórias, baseadas no industrialismo e no nacionalismo reacionário e expansionista. Uma ameaça aos povos do mundo.

Tal como afirmamos no comunicado nº1 do Grupo Libertação Popular:,“os modelos capitalistas neoliberais e estatizantes foram duas formas de política econômica que não modificaram a natureza monopolista e imperialista do sistema mundial e dos Estados. A oscilação entre esses dois modelos na história respondeu a diferentes necessidades de acumulação de capital.”

No âmbito internacional o elemento fundamental é a crise do imperialismo estadounidense frente a ascenção do bloco chinês-russo. A disputa interimperialista em curso leva ao aumento da agressividade dos EUA, em especial em relação à América Latina. Uma agressividade muito mais perigosa pela economia e a política, e muito menos pelas bravatas e simbologias “fascistas”.

Frente a impotência e desespero de uma esquerda liberal associada ao poder imperial e refém de suas disputas, a tarefa dos revolucionários é impulsionar um anti-imperialismo de base popular, com independência frente aos blocos imperialistas e às disputas intraimperiais (Democratas x Republicanos), construindo um novo poder e estratégia revolucionária, classista e internacionalista. ■

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