Massacre dos Turmeiros em Catalão: Sangue operário na ferrovia pela mão assassina do Estado

Publicado no Jornal O Amigo do Povo, nº12, Fevereiro/Março/Abril de 2025.

Jiren D.

O Massacre dos Turmeiros, ocorrido em 5 de fevereiro de 1916, foi um dos primeiros registros de violência extrema contra trabalhadores urbanos em Goiás. O episódio aconteceu na cidade de Catalão e teve como vítimas a morte de 9 operários e 15 feridos que atuavam na construção da ferrovia. Naquela manhã fatídica, um grupo de trabalhadores embarcava em gôndolas para se dirigir à frente de serviços, reivindicando melhores condições de trabalho, quando foram brutalmente atacados.

As forças repressivas, sob comando de autoridades locais, dispararam contra os operários, promovendo um verdadeiro massacre. Tentando escapar da chacina, o maquinista da locomotiva deu ré no trem, recuando até o largo da Velha Matriz. Os mortos e feridos foram então descarregados no salão da Escola Sagrada Família, onde hoje funciona uma concessionária de veículos. Ali, com o apoio da população, os feridos receberam atendimento improvisado, mas, tragicamente, mais quatro pessoas faleceram, entre elas duas crianças.

O impacto do massacre foi imediato. O trabalho na ferrovia foi paralisado com uma greve geral , e só foi retomado em junho de 1917, após o assassinato de Isaac da Cunha, um dos mentores do massacre. O episódio gerou grande repercussão nacional nos círculos operários, sendo denunciado por jornais operários e anarquistas da época, como “A Lanterna”, que expôs a brutalidade do Estado burguês contra a classe trabalhadora.

Diferente das narrativas liberais que tentam reduzir o massacre a um suposto ciúme de policiais em relação ao envolvimento dos turmeiros com prostitutas da cidade, a verdadeira causa da violência foi a luta dos trabalhadores por condições dignas de trabalho. O massacre dos turmeiros é um lembrete de que o sangue derramado pelos trabalhadores na luta por melhores condições de vida não pode ser esquecido.

A repressão do passado ecoa nas injustiças do presente, tornando essencial que resgatemos nossa memória de resistência. Lembrar esses eventos não é apenas um exercício histórico, mas um compromisso com a luta contra a exploração e a violência estatal, que continua vitimando os trabalhadores. Que a memória dos turmeiros nos fortaleça na construção de um futuro onde a justiça e a liberdade prevaleçam sobre a opressão e a violência do Estado. ■

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