Publicado no Jornal O Amigo do Povo, nº12, Fevereiro/Março/Abril de 2025.
Aurora.
Em meio a ascensão da luta e debate pela redução da jornada de trabalho, os dados que começam a ser divulgados demonstram como a realidade do trabalho no Brasil é precária. Mesmo sendo uma potência em recursos naturais e energéticos, mesmo com o aumento da tecnologia, mesmo com os lucros exorbitantes da burguesia brasileira, as condições de trabalho no país não melhoram. Pelo contrário, a flexibilização do trabalho avança, os direitos são desmanchados e a carga horária é mantida e até mesmo ampliada.
Neste contexto de precarização existe um amplo setor do nosso povo que vive para trabalhar, aqueles/as submetidos/as à escala 6X1. Segundo dados da OIT 11% da população brasileira trabalha mais do que 48h semanais! Ou seja, um significativo setor da nossa população encontra-se submetido a uma rotina de trabalho que usurpa o tempo de lazer, descanso, de socialização com a família e/ou amigos.
Em meio a essa parcela se encontram as mulheres trabalhadoras. Elas que correspondem a quase 50% da mão-de-obra ocupam postos de trabalho no comércio, como trabalhadoras domésticas e/ou informais, na indústria, agricultura. A situação delas é ainda mais preocupante! Afinal, ainda hoje as mulheres são as principais responsáveis pelas atividades domésticas, com uma média de dedicação a elas de 9,6 horas por semana a mais do que os homens (IBGE, 2022). Chefiando quase 50% dos lares e sendo as principais responsáveis pelo cuidado com as crianças (lembremos que o Brasil conta com quase 2 milhões de crianças registradas sem pai!) e idosos, um único dia de folga no emprego não significa um dia sem trabalhar, afinal o trabalho doméstico não para e essas mulheres têm que se equilibrar para dar conta de tudo.
Neste sentido, nesse 8 de março (dia internacional das mulheres) surgido a partir da luta das mulheres por melhores condições de vida e trabalho, defender como central a luta contra a escala 6×1 é um passo de suma importância para avançar na conquista dos direitos das mulheres. Isso demonstra na prática o vínculo indissociável entre a libertação da mulher e de toda a classe trabalhadora. Expõe também a hipocrisia do feminismo burguês que abandona a maioria das mulheres condenadas a miséria e a superexploração em troca de cargos em governos e empresas. ■