Publicado no Jornal O Amigo do Povo, nº13, Maio/Junho/Julho de 2025.
Érico.

O Movimento Resistência Popular é um movimento de trabalhadores pobres que lutam pelo direito básico da moradia e da terra no Distrito Federal. Independente de partidos, governos e empresários, foi fundado há 9 anos, e desde então vem sofrendo perseguições por parte do Governo do DF, polícia civil e militar, além do judiciário. Devido a essa perseguição, ativistas do MRP foram detidos, processados e encarcerados ao longo dos anos.
O capítulo mais recente desse processo é a condenação, em segunda instância, pelo Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT), de 11 ativistas e ex-ativistas do MRP por extorsão, organização criminosa e outros delitos penais. O processo desde o inquérito pela polícia civil é cercado de vícios e não possui provas materiais, sustentando-se somente pelo depoimento de uma única testemunha que não afirma ter sofrido extorsão pelos integrantes do MRP. A condenação foi proferida, desconsiderando que todas as famílias do MRP negaram qualquer tipo de extorsão por parte do movimento.
A situação dos 11 condenados pelo TJDFT é grave, e a expedição de mandatos já começou a ser feita, podendo os integrantes condenados pegarem até 7 anos de cadeira. Essa ofensiva do Estado brasileiro aos trabalhadores do movimento representa na prática o tratamento da justiça e desta democracia no tratamento daqueles que ousam minimamente se organizarem para reivindicar direitos básicos.
A criminalização do MRP é parte de uma política nacional de várias instituições do Estado para atacar os movimentos sociais. Na edição anterior deste jornal, apresentamos uma relação de projetos de lei em curso que visam a aprofundar a criminalização e perseguição aos movimentos populares. Em todo Brasil cresce a violência do Estado, de fazendeiros, grileiros e grupos organizados (e armados) contra as lutas do povo. Em contraponto a essas perseguições, aprofundar na organização e na solidariedade com os movimentos combativos é dever dos militantes e apoiadores para a continuação do trabalho desses movimentos.
OCUPAÇÕES DO MRP EM BRASÍLIA: A LUTA CONTINUA
Apesar do avanço dos processos que criminalizam ativistas do MRP, o movimento continua com ocupações ativas no Distrito Federal. Há 3 anos no Sol Nascente, o Acampamento Renascer tem efetuado atividades agrícolas como o plantio coletivo, além das atividades corriqueiras da criação de animais e plantio de hortaliças. A chácara que deu origem ao acampamento era utilizada para desmanche de carros roubados, além de manterem para o cuidado da propriedade um senhor em condições desumanas.
Em Brazlândia, o Acampamento Terra Prometida tem resistido bravamente há mais de cinquenta despejos e perseguições das mais diversas. Tanto por parte da polícia quando de grupos de grileiros que tentam desarticular e incriminar lideranças do MRP. Apesar disso, o acampamento se mantém ativo, realizando atividades com as famílias, assembleias, reuniões estratégicas com órgãos distritais e federais em busca do assentamento das famílias que estão no Acampamento Terra Prometida.
Para manter as ocupações é essencial o apoio de militantes. Recentemente, incentivamos uma campanha de arrecadação para providenciar alimentos para as cozinhas coletivas dos acampamentos. Se você deseja contribuir para a manutenção das cozinhas coletivas e para o crescimento das ocupações, nos envie um e-mail para o endereço oamigodopovo@inventati.org. ■