Editorial do Jornal O Amigo do Povo, nº13, Maio/Junho/Julho de 2025.
Antônio Galego.

Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indicaram um aumento do desemprego e da precarização do trabalho no primeiro trimestre de 2025. Ao somar os dados de informalidade (38,9 milhões) com a desocupação (7,7 milhões), pessoas fora da força de trabalho (67 milhões) e subocupação por insuficiência de horas trabalhadas (4,6 milhões), chegamos a um total de 118,2 milhões de brasileiros, ou seja, mais da metade da população do país sobrevivendo diariamente sem uma renda estável e digna, sem perspectivas.
Os trabalhadores do setor privado ou público também tem sobrevivido com cada vez menos direitos (retirados por reformas neoliberais como a trabalhista e previdenciária), trabalhos temporários, terceirizados, jornadas exaustivas e salários baixos. O salário mínimo do Brasil (que teve um pífio aumento para R$ 1.518) está entre os piores da América Latina, atrás de Paraguai, Colômbia, Guatemala, Bolívia, entre outros.
A isso se soma o poder real de compra das pessoas. De nada adianta aumentar uma migalha o salário se a inflação dos alimentos e outros produtos essenciais vem aumentando. Segundo o IBGE, nos últimos 12 meses a inflação acumulou uma alta de 7,42%, com destaque para o ovo de galinha (+19,44%), o tomate (+12,57%), o café moído (+8,53%). A tendência é a continuidade da carestia. As medidas do governo para o controle dos preços não tem surtido efeito, ao contrário, beneficiam as empresas na “falácia” de chegar no consumidor, tal como a isenção de impostos sobre importação de determinados alimentos.
Mas o povo precisa comer! Por isso, toda essa situação tem gerado um endividamento gigantesco na classe trabalhadora. Dados da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) informa que 80,5% das famílias que ganham até três salários mínimos estão endividadas. A proliferação de jogos de azar (tigrinhos, etc.), a naturalização da prostituição e pornografia, o aumento dos vícios, desestruturação familiar/comunitária e transtornos mentais estão entre algumas das consequências culturais de uma sociedade cada vez mais degenerada, sem perspectiva de vida e de futuro.
Ao contrário das ilusões e promessas, desde o início do governo Lula a violência e a devastação só aumentou nos campos e florestas do Brasil. Segundo dados da Comissão Pastoral da Terra (CPT) o ano de 2024 registrou 2.185 conflitos agrários, o segundo maior número de conflitos desde 1985, atrás apenas do ano de 2023. As queimadas e desmatamento também seguem aumentando. Não há perspectiva de terra e moradia para o povo, só Plano Safra de 400 bilhões para fortalecer os ricos latifundiários. Pra piorar, a nova “PEC da Segurança” e Projetos de Lei que criminalizam a luta popular fortalecem ainda mais as forças repressivas do Estado contra as massas no campo e na cidade.
Frente a tudo isso, tem crescido a rejeição popular legítima ao governo Lula. Na incapacidade de fazer medidas que beneficiem o povo, o governo Lula segue atendendo piamente os interesses dos bancos, do agronegócio e das classes dominantes.
As massas populares no Brasil estão numa encruzilhada histórica. E apesar de todo desespero e sofrimento da nossa classe, é nesses momentos que as alternativas são forjadas. É fundamental que os elementos ativos, lutadores do povo, revolucionários, não se deixem desviar dos reais problemas das massas pelos factoides da política parlamentar, que se vinculem ao povo e atuem com uma proposta classista e combativa para impulsionar as lutas e a reorganização da classe trabalhadora. Nesse caminho, as burocracias governistas (PT, PCdoB, CUT, CTB, UNE, etc.) devem ser combatidas sem trégua. Os trabalhadores estão ficando sem nada a perder, a não ser suas correntes! À luta, camaradas! ■