Publicado no Jornal O Amigo do Povo, nº14, Agosto/Setembro/Outubro de 2025.
Pró-frente de ambulantes e trabalhadores de comercio de rua de Goiânia

A cidade de Goiânia, como tantas outras do Brasil, reflete as feridas abertas pela engrenagem neoliberal. Empurrados para fora das fábricas e do comércio formal, milhares de trabalhadores e trabalhadoras buscam na rua seu sustento: seja vendendo pão de queijo, roupas ou artesanato. Segundo o IBGE, mais de 40% da força de trabalho brasileira já está na informalidade, fruto direto da precarização promovida pelos governos a serviço do grande capital.
O sistema chama esses trabalhadores de “empreendedores”. Mas que tipo de empreendedorismo é esse que enfrenta todos os dias o desprezo do poder público, a repressão policial e o isolamento social? Em vez de apoio, encontram cassetetes, multas, apreensão de mercadorias e a invisibilidade.
Em Goiânia, a gestão de Sandro Mabel, do União Brasil, empresário da FIEG, expõe com clareza essa política de exclusão. Ambulantes estão sendo expulsos de áreas como a Região da 44 — polo têxtil popular —, do entorno do Zoológico e de praças públicas, onde tentam sobreviver. A ordem é limpar a cidade dos pobres para agradar aos grandes lojistas e empresários.
Sem ter para onde ir, muitos ambulantes buscam refúgio em feiras e eventos. Mas aí enfrentam outro drama: a divisão entre trabalhadores. Feirantes, também oprimidos por taxas abusivas e pela negligência do poder público, veem os ambulantes como inimigos. Quando, na verdade, o inimigo é outro: o Estado a serviço do capital.
A luta por banheiros, estacionamento, carga e descarga, e licenças mais justas é a mesma luta. Ambulantes e feirantes precisam compreender que só unidos podem construir uma rede de apoio mútuo, uma frente comum pela dignidade no trabalho.
O Grupo Libertação popular defende a formação de uma frente de ambulantes e trabalhadores de comércio de rua. Não para pedir esmolas aos governos, mas para exigir, na ação direta e na solidariedade, o direito básico: trabalhar sem perseguição para sustentar sua família.
Que ninguém se engane: enquanto estivermos divididos, o grande capital e seus gestores seguirão vencendo. Só a união dos de baixo pode garantir liberdade, pão e dignidade. ■