Publicado no Jornal O Amigo do Povo, nº14, Agosto/Setembro/Outubro de 2025.
Érico.

Em Santo Antônio do Descoberto, município goiano no Entorno de Brasília, quatrocentas famílias sofrem perseguição da família do Governador Ronaldo Caiado devido uma extensão de terras que abriga cerca 1,6 mil pessoas. A disputa judicial pelas terras do povoado Antinha de Baixo iniciou em 1945 quando um herdeiro de Francisco Apolinário Viana, buscou regularizar parte das terras. Quatro décadas depois, em 1985, três pessoas: Maria Paulina – que foi casada com Emival Ramos Caiado, tio do atual governador goiano –, Luiz Soares de Araújo e Raul Alves de Andrade Coelho, familiares de Francisco Apolinário; o trio em posse de documentos falsos, ingressaram no mesmo processo, alegando serem herdeiros de Apolinário Viana. A alegação dos documentos falsos vem dos atuais moradores do povoado. Pela justiça goiana, o trio conseguiu a posse da terra e a determinação para a desocupação da área, que só passou a ocorrer em 2014 devido a resistência dos moradores.
Um agravante que demonstra a fragilidade da justiça burguesa e do domínio da família Caiado sobre disputas políticas, perseguição e conflitos fundiários em Goiás, foi a presença do filho de Maria Paulina, Breno Boss Caiado, (primo do governador Ronaldo Caiado) atuando diretamente no caso até 2023, antes de ser designado desembargador pelo governador Caiado.
O desalojo de 32 famílias iniciou no dia 04 de agosto e contou com inúmeras máquinas, caminhões e viaturas da polícia militar goiana, demonstrando a influência da família Caiado sobre as forças policiais e de certo domínio do aparato estatal. Esta cena ostensiva contra o povoado nos mostra a forma como o Estado age contra famílias pobres nos conflitos fundiários, sendo isso apenas uma pequena exibição do que há de muito mais truculento e violento nas forças policiais.
Após pedido de reconhecimento da região como um território quilombola, em 26 de junho por parte das famílias residentes, o ministro e vice-presidente Edson Fachin, determinou a suspensão das desocupações.
Prestamos nossa solidariedade aos moradores de Antinha de Baixo e reforçamos a necessidade da luta combativa contra o latifúndio, os “neo-coronéis” e contra o Estado que permite, reforça e intensifica conflitos contra populações vulneráveis e humildes, a fim de liquidá-las. ■