Publicado no Jornal O Amigo do Povo, nº14, Agosto/Setembro/Outubro de 2025.
Maradona.

Na Assembleia Geral do último 27/05, os professores e orientadores do Distrito Federal aprovaram uma greve que durou 23 dias, do dia 2 ao dia 25/06. Mas este não foi o início do movimento grevista, que começou muito antes, tendo como marco inicial a aprovação, após pressão da categoria na assembleia do dia 27/03, do “estado de greve”, termo abstrato utilizado pela burocracia sindical (PT e PCdoB) para enganar a base, retardando o início da greve e dando mais tempo (e, portanto, vantagem) ao GDF.
Desde o início do ano, a Alternativa, oposição sindical da qual participa o Grupo Libertacão Popular (GLP), vinha agitando as bases e lançando comunicados com o intuito de construir uma greve na categoria, devido à precarização dos salários, corroídos pela inflação, e pela situação laboral dos professores do DF. Os diversos problemas enfrentados pelos educadores da capital federal se aprofundam a cada ano: estrutura, material, contratação temporária, entre outros. Muitos projetos mas escolas só existem porque fazemos “vaquinha”.
A burocracia sindical vinha iludindo a categoria com uma ilusao de reestruturação da carreira (redução de 25 para 15 padrões, dobra dos percentuais de titulação e aumento salarial de 19,8%). As reuniões à portas fechadas com o GDF não surtiram nenhum resultado. Ficaram acuados: entre a pressão da oposição e a negativa do governo, tiveram que defender a greve e utilizar isso como propaganda eleitoral para as eleições sindicais que ocorreram nos dias 28 e 29/05, sendo a greve aprovada em uma assembleia um dia antes das eleições, no dia 27/05. Quiseram posar de “lutadores” para não perder a eleição, mas o tiro saiu pela culatra.
A greve começou com uma multa milionária diária imposta ao SINPRO-DF pelo governo Ibaneis-Celina (MDB-PP) e contou com a postura debochada da atual secretária Hélvia Paranaguá (que viajou no decorrer da greve) e do autoritarismo de Ibaneis, que queria ver “até quando eles vão aguentar”, referindo-se ao corte de ponto. Enquanto a multa ainda vigorava, o sindicato fez um ato “simbólico” no auditório de sua sede, com diversos sindicatos e movimentos manifestando apoio. Nada mais ilusório. Como “a prática é o critério da verdade”, esse ato foi na verdade um grande teatro, pois dali nada se materializou.
Nas assembleias gerais e regionais, insistimos: maioria da base no Comando de Greve e na Mesa de Negociação. Mesma coisa de falar com a parede. Defendemos insistentemente a atuação conjunta com outras categorias, o que acabou acontecendo com o SindEnfermeiro (carro de som, praça, tenda, muito discurso e pouca ação). O ato chamado pela CUT-DF no dia 23/06, na verdade era um “faixaço”: sem estrutura, transporte ou mobilização das categorias. O presidente da CUT-DF levou uma caixa de som e subiu em um dos bancos da Praça do Buriti para fazê-lo de palanque sindical. Ridículo.
As duas ações na sede da SEEDF, que fica dentro do Shopping ID, foram impulsionadas e mantidas pela Oposição Alternativa. Na primeira oportunidade, a burocracia sindical “avisou” que tinha subido uma “comissão de negociação” para conversar com o “vice-sub-adjunto-não-sei-o-que-lá”, desmobilizando a ação. Nenhum resultado. Durante a segunda ação direta da categoria, muito spray de pimenta e até mesmo Tropa de Choque da PM dentro do Shopping, o que gerou comoção popular, mas não passou disso. A ação direta da classe trabalhadora foi e é fundamental, por todos os meios necessários, e não deve ser criminalizada como o fazem os neoliberais vestidos de vermelho-pastel temerosos de serem igualados aos “terroristas” do 8 de Janeiro, como afirmaram repetidas vezes durante a greve. A ação direta combativa é método da classe trabalhadora!
Com as palavras de ordem “GREVE ATÉ A VITÓRIA”, conseguimos reverter a decisão do Comando de Greve, dominado pela burocracia sindical, de encerra-la logo no início, sem nenhuma proposta concreta, no dia 05/06. Ocupamos a Avenida N1 do Plano Piloto, em frente ao Palácio do Buriti, à revelia da direção que atuou como para-choque entre a categoria e a PMDF. A verdade é que todas as cenas de luta dessa greve estão na conta da Alternativa. As mais bonitas imagens da categoria ocupando as ruas e o Shopping ID, são fruto da oposição sindical, com forte atuação do GLP. Encerrada no dia 25/06, de forma autoritária através de um golpe, onde havia nítida vitória pela continuidade da greve, a burocracia sindical foi rechaçada pela categoria e chegou a chamar a polícia para reprimir os professores indignados.
Esse é o modus operandi deles: o cretinismo sindical, que é uma extensão do cretinismo parlamentar. Sua “claque” é adepta de uma espécie de teologismo sindical: “manda que eu obedeço”. O maior exemplo disso foi a atuação de Chico Vigilante (PT), que no dia 17/06, na Câmara Legislativa do Distrito Federal, durante “obstrução” das pautas do governo na CLDF, afirmou que o governador havia ligado para informar que “está disposto a negociar tudo”. O resultado a gente já sabe qual foi. A “Bancada da Educação” se mostrou tão útil como um prego quente na manteiga. Mesmo assim, essa ilusão ainda persiste na categoria, como nos mostra as tentativas de “trampolim eleitoral” que surgiram no decorrer da greve.
Como se não fosse suficiente, a burocracia sindical entrou com um Boletim de Ocorrência contra os professores que proferiam as mais belas palavras em seus eventos virtuais e redes sociais. Utilizaram fake news e muito vitimismo na tentativa de limpar sua imagem, o que não conseguiram. Seguimos. ■