Publicado no Jornal O Amigo do Povo, nº15, Novembro/Dezembro de 2025.
Guina.

O governo se gaba do alto índice de ocupação da população brasileira apontada por pesquisas, fala-se em pleno emprego, ou seja: quando a oferta de postos de trabalho excede a quantidade de procura das pessoas aptas e interessadas em ocupá-los, assim quem procura emprego encontra opções compatíveis disponíveis para escolher a que lhe for mais conveniente; algo realmente muito bom, se fosse verdade. As pessoas estando empregadas nesse cenário estariam tranquilas financeiramente pois possuiriam renda estável por um tempo mínimo razoável. Com uma oferta grande de empregos seriam as empresas que precisariam tornar seus postos de trabalho mais atrativos, com mais benefícios e com remunerações espontaneamente
maiores que o salário mínimo.
Mas não é essa a realidade com a qual nos deparamos, as pessoas que procuram emprego, até encontram, só que não param neles. O principal motivo é que a remuneração é insuficiente e por isso continuam procurando melhores oportunidades. Essa rotatividade alta mantém todas essas vagas constantemente em oferta e os trabalhadores sempre instáveis financeiramente
e procurando emprego, saindo de um para outro ainda na experiência.
As empresas, por sua vez, usam o trabalho intermitente de forma sobrecarregada sem oferecer melhores ganhos nem benefícios, pois sabem que os desempregados estão em situação de arrocho e vão aceitar os empregos mesmo recebendo de forma insuficiente, por pouco tempo e trabalhando mais do que o cabível para uma pessoa. Não há crescimento real da quantidade de vagas. As empresas contratam quem trabalha mais pelo mínimo possível ofertando os mesmos postos de sempre. A sobrecarga do trabalhador intermitente como cultura nas empresas é o elemento que garante e sustenta essa lógica que parece circunstancial, mas para o governo essa é uma situação que se sustenta como projeto, pois produz números e narrativas políticas favoráveis.
O pleno emprego só será real pela análise e ação dos trabalhadores unidos.






