O Amigo do Povo nº11 – Novembro/Dezembro de 2024

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Editorial | A realidade do trabalho no Brasil: mal pago, exaustivo e adoecedor

Publicada no Jornal O Amigo do Povo, nº11, Novembro/Dezembro de 2024.

Antonio Galego e Aurora

Os veículos de imprensa e a propaganda petista estão euforicamente divulgando o suposto recorde de trabalhadores ocupados no Brasil. Segundo os dados, o Brasil teria uma das menores taxas de desemprego da história. O que os desonestos do governo querem nos fazer crer é que nosso país está caminhando para o pleno emprego, que há avanços trabalhistas fenomenais. Seria essa realmente a nossa realidade?

Lembremos o que nos ensina a teoria econômica: quanto menor o desemprego na sociedade, menor é a força dos patrões para reduzir os salários. A tendência de uma sociedade com baixo desemprego é um maior poder de barganha do trabalhador frente ao patrão, pois tem mais e melhores opções de trabalho. Inversamente, a existência de um “exército de desempregados”, rebaixa os salários e piora as condições de trabalho, afinal há um contingente de trabalhadores prontos para substituir os insatisfeitos e ainda em piores condições. É aquele aprendizado que todo trabalhador sabe assim que ingressa no mercado de trabalho: “se você não aceitar esse salário e essas condições, tem uma fila que aceita”. Resumindo: muito desemprego = diminuição dos salários e direitos, pouco desemprego = melhorias salariais e de direitos. Continuar a ler

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Pacote de corte de gastos: Governo Lula prepara mais ataques aos trabalhadores

Publicada no Jornal O Amigo do Povo, nº11, Novembro/Dezembro de 2024.

Érico

O Governo Lula prepara mais uma onda de ataques neoliberais sobre os direitos dos trabalhadores: um grande pacote de corte de gastos públicos em áreas sociais. O “pacotaço” é orientado e justificado pela política estrutural e permanente de austeridade fiscal representada pelo Novo Arcabouço Fiscal (NAF). Desde o início o NAF, planejado e posto em prática por Haddad, Tebet e a equipe econômica de Lula, é apontado como continuidade da série de políticas econômicas com o mesmo fundamento dos governos anteriores: retenção de gastos, congelamentos e cortes nos investimentos básicos das políticas sociais “garantidas” pela Constituição Federal.

Como outras vezes publicado em análises aqui no jornal, o NAF é uma continuidade do “Teto de Gastos” do Governo Temer e dos ataques aos direitos dos trabalhadores. Apesar de ainda não ter sido apresentado oficialmente, as notícias indicam que o pacotaço preparado pelo governo será de cerca de 70 bilhões e tem girado em torno da flexibilização e cortes de direitos sociais e trabalhistas – dentre estes, a possibilidade da redução de 40% da multa do FGTS para o caso de demissões sem justa causa, mudanças nas regras de abono salarial e de aumento do salário mínimo, fortes golpe aos trabalhadores. Além disso, cortes na Saúde, Educação e no Benefício de Prestação Continuada (BPC), que atinge especialmente frações mais vulneráveis da classe trabalhadora, como pessoas com deficiência, doentes crônicos, mulheres e idosos, também estão inclusos na política antipovo de Lula e Haddad. Após a apresentação, o “pacotaço” terá que passar pela Câmara e Senado. Continuar a ler

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Desastres do Capital: a crise ambiental que assola o globo

Publicada no Jornal O Amigo do Povo, nº11, Novembro/Dezembro de 2024.

Editora Grito do Povo

Foto: Moradores são resgatados de enchente em Canoas, no Rio Grande do Sul (maio de 2024)

Em 2024, o mundo enfrentou uma série de desastres climáticos extremos, exacerbados pela degradação ambiental e pelo aquecimento global. No Brasil, chuvas intensas no Rio Grande do Sul deixaram 180 mortos e danos de US$ 7 bilhões. A Alemanha e a Itália também foram duramente atingidas por enchentes, e na Ásia, terremotos afetaram Taiwan e Japão. Nos EUA, furacões causam grandes perdas, enquanto no leste da África, inundações afetaram milhares. A América Latina registrou um recorde de 67 desastres climáticos, e na Espanha, 89 pessoas estão desaparecidas após a maior enchente do século, com 219 mortes desde o mês passado. Em Santa Catarina, no Brasil, novas chuvas intensas causam estragos. Esses eventos mostram a ligação entre crises ambientais e modelos de desenvolvimento predatório capitalista que apontam para um futuro catastrófico. Continuar a ler

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O Conflito Palestino-Israelense e a Escalada Regional: Uma Perspectiva Revolucionária

Publicada no Jornal O Amigo do Povo, nº11, Novembro/Dezembro de 2024.

Jiren D.

O genocídio de Israel contra o povo palestino se intensifica, estendendo-se por mais um ano e deixando um rastro de destruição, com dezenas de milhares de palestinos mortos e um fluxo constante de refugiados. Nos últimos meses, o conflito escalou dramaticamente, com Israel lançando ataques sobre o Líbano. Em resposta, o Irã, aliado do Hezbollah libanês, retaliou diretamente contra Israel. Nas últimas semanas, Israel reagiu, atingindo alvos iranianos, elevando o risco de uma guerra direta entre as duas potências regionais.

O Hezbollah, grupo militante xiita baseado no Líbano, é um componente crucial do “Eixo da Resistência”, que inclui o Irã e outras forças que se opõem à presença israelense e à hegemonia ocidental-imperial na região. Com apoio financeiro e militar significativo do Irã, o Hezbollah atua como um proxy iraniano na fronteira norte de Israel. Esta relação intensifica o conflito, pois ações de Israel contra o Hezbollah são vistas como ataques indiretos ao Irã. O “Eixo da Resistência” busca não apenas defender a Palestina, mas também conter a influência israelense e americana no Oriente Médio e defender o nacionalismo islâmico. Continuar a ler

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Bets: empresas e governo lucram com desejo dos pobres por uma vida melhor

Publicada no Jornal O Amigo do Povo, nº11, Novembro/Dezembro de 2024.

Aurora

“Aprender a cair e dar aula de levantar: deu ruim, a gente tenta de novo, de novo e de novo…” esse é o slogan da Betnacional, ecoada pela voz dos ídolos: Ludmila, Seu Jorge, Vini Jr. e Thiaguinho. Evocando a resiliência do povo brasileiro as casas de apostas on-line lucram em cima de suas condições miseráveis. Os famosos são a cereja do bolo, usurpando o orçamento pífio dos trabalhadores, as bets fazem crer que a insegurança financeira, pode ser vencida com a sorte.

Há uma minoria que ganha, mas a realidade é de endividamentos estratosféricos. A destinação de parcos recursos, para essas casas de apostas, só demonstram que há um desespero por parte da classe trabalhadora em sair da carestia. Segundo dados do próprio banco central, só os beneficiários do Bolsa Família gastaram mais de 3 bilhões de reais em apostas on-line. Continuar a ler

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Eleições de 2024 e a perspectiva classista: análise crítica da democracia burguesa e o caminho para uma alternativa popular

Publicada no Jornal O Amigo do Povo, nº11, Novembro/Dezembro de 2024.

Jiren D.

Em outubro de 2024, ocorreram no Brasil as eleições da democracia burguesa para prefeitos e vereadores. O processo eleitoral foi marcado por uma polarização intensa e também por um racha na direita, exemplificado pela candidatura de Pablo Marçal em São Paulo e pela disputa entre os candidatos de Bolsonaro e Caiado em Goiânia.

De uma perspectiva classista, uma análise crítica vai além dos números e votos, considerando os atores sociais envolvidos, como partidos políticos, frações da burguesia e representantes dos diferentes interesses do capital. Essa análise ajuda a entender como a estrutura político-econômica influenciou o pleito e moldou a disputa eleitoral burguesa.

No geral, as eleições marcaram um fortalecimento do chamado “Centrão”, com partidos como PSD, MDB e PP sendo os que elegeram mais prefeitos, com 887, 856 e 747, respectivamente. A vitória da “centro-direita” pode ser analisada pela força das emendas e do orçamento secreto do Congresso, o que mostra a influência da máquina pública nas eleições. O PL de Bolsonaro elegeu quatro prefeitos em capitais, enquanto o PT elegeu apenas um, ficando bem abaixo da expectativa para um partido que controla a máquina pública federal, mostrando uma previa das prováveis chapas das eleições presidenciais em 2026, com enfraquecimento do PT e provável racha da direita que deve ter uma candidato bolsonarista e um do “centrão”. Continuar a ler

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Avanço da Luta Classista dos Catadores em Goiás: Plenária de Formação do MNCR-GO

Publicada no Jornal O Amigo do Povo, nº11, Novembro/Dezembro de 2024.

Jiren D.

Um importante passo para o fortalecimento da luta classista dos trabalhadores marginais em Goiás será dado com a realização da Plenária de Formação Militante do Movimento dos Catadores de Materiais Recicláveis de Goiás (MNCR-GO). Entre os dias 15 e 17 de novembro, em Goiânia, cerca de 30 catadores, representantes de mais de 10 cooperativas da região metropolitana e do interior do estado, se reunirão para dedicar-se à formação política, à reestruturação das bases orgânicas e, principalmente, à construção de uma jornada de lutas dos catadores no estado.

Esse encontro ocorre em um contexto desafiador para a categoria, que vem enfrentando ataques sistemáticos da chamada “Máfia do Lixo” em Goiás. A paralisação recorrente da coleta seletiva em cidades como Goiânia e Aparecida de Goiânia, além do fechamento abrupto de lixões no interior sem qualquer plano de transição para a coleta seletiva, tem deixado os catadores sem seu sustento básico. Em um cenário de crescente precarização, a plenária se propõe a ser um espaço de organização e fortalecimento para que os catadores possam resistir e avançar nas conquistas da classe.

A presença do Grupo Libertação Popular na plenária reforça o compromisso com a autonomia e combatividade dos trabalhadores. A iniciativa visa retomar a tradição histórica do movimento dos catadores, marcada pela luta direta e pela unidade de classe. Com uma formação baseada nos princípios da ação direta, da solidariedade de classe e da independência política, o MNCR-GO reafirma seu compromisso com a transformação social e com a construção de um movimento que resista aos interesses do capital e valorize o protagonismo dos catadores. ■

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70 anos da revolta de Trombas e Formoso

Publicada no Jornal O Amigo do Povo, nº11, Novembro/Dezembro de 2024.

Érico.

A região que atualmente integra o norte goiano, esteve no centro de uma revolta entre os anos de 1954-1957. Trombas e Formoso foram povoados por posseiros entre 1940 e 1950, em terras sem destinação. Logo cedo, a região passou a ser de interesse de algozes dos trabalhadores do campo: grileiros apoiados pela polícia goiana, que tentavam roubar as terras dos trabalhadores. A região passou a interessar pelos rumos da construção da nova capital do país e da construção de uma rodovia, a Belém-Brasília (BR-153).

Como forma de oprimir os camponeses nos períodos de colheita, os grileiros chegavam com jagunços e a polícia para requerer metade do que era produzido pelos trabalhadores nas plantações. Com a crescente perseguição, os trabalhadores passaram a se organizar. Fundaram a Associação dos Lavradores e os Conselhos de Córrego, que funcionavam como entidade base nos territórios. Nesses conselhos organizavam mutirões para que as famílias tivessem alimentos, além de realizarem deliberações coletivas, respeitando a coletividade e nunca autoritário. Continuar a ler

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General Manoel Padeiro, o líder quilombola que ameaçou o regime escravista no Rio Grande do Sul

Publicada no Jornal O Amigo do Povo, nº11, Novembro/Dezembro de 2024.

Aurora.

Os quilombos como resistência a escravidão já, felizmente, fazem parte do imaginário anti-escravista da história brasileira. Zumbi dos Palmares e Dandara são ícones que conhecidos, sendo o dia da consciência negra, criado oficialmente como referência ao dia da morte de Zumbi.

Entretanto, outras experiências da resistência quilombola que existiram e existem em quase a totalidade do território nacional, encontram-se esquecidas na história do país. Na região do Sul, pouco se fala do escravismo, sendo a região relacionada preliminarmente a uma memória republicana, com uma agricultura desenvolvida pelo trabalhador livre (e muitas vezes associada ao imigrante europeu). Como consequência do negligenciamento da discussão sobre a escravidão houve também um apagamento das resistências históricas do povo negro ao regime escravista também existente na região. Continuar a ler

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