Grupo Libertação Popular (GLP-DF) – Brasília, Novembro de 2025.
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1 – Introdução: a década perdida
O conturbado primeiro semestre de 2025 ficará marcado para sempre na memória coletiva dos professores do Distrito Federal. A primeira imagem que vem à mente é, sem dúvida, o golpe efetuado pela diretoria do SINPRO (PT/CUT e PCdoB/CTB) na assembleia geral do dia 25 de junho de 2025 para colocar fim à greve através do uso autocrático do poder, atropelando a decisão soberana e combativa da categoria de continuá-la até a vitória.
Mas essa imagem revoltante é, digamos, a camada mais aparente de um problema muito mais profundo. Foi a manifestação em mais alto grau de um modelo sindical burocrático e pelego que se expressa em um sem-fim de outras práticas menores e corriqueiras há muitos anos, responsável pelo histórico de mais de uma década de enfraquecimento da nossa luta e retrocessos em nossos direitos. É a ponta do iceberg de uma década perdida.
Assim, apesar da legítima indignação que se espalhou como rastilho de pólvora pela categoria, e apesar de uma categoria intelectualizada (mais de 70% com nível de pós-graduação), ainda temos dificuldade de compreender as raízes do problema e, logo, como construir alternativas a ele. Ainda há muitos colegas que acham que aquilo foi uma exceção, se veem traídos, decepcionados por seus líderes, mas passado algum tempo do ocorrido (e por uma série de relações de coleguismo, chantagens e ilusões capilarizadas pelas “claques” das correntes sindicais) se realinham novamente à diretoria, normalizando e legitimando suas práticas e discursos nefastos. É funcional à diretoria que o absurdo seja visto como um “deslize”.
Também há àqueles que veem a gravidade do problema, mas, diante de tanta safadeza e de um problema nada fácil de resolver, se sentem impotentes e cansados para disputar e construir novos rumos da luta. A máquina de controle/poder burocrático da atual diretoria do SINPRO é muito bem montada, testada, refinada, por cerca de 30 anos. Diante de um jogo de cartas marcadas, muitos acabam por escolher o caminho das saídas individuais e locais, da falta de esperança em mudanças coletivas e sociais mais amplas. Conjugando o modelo sindical falido e os retrocessos na Educação, isso tem levado muitos a desistir da própria carreira.
Nós entendemos tudo isso, nós estamos no chão da escola, não somos políticos nem sindicalistas profissionais. Mas acreditamos que a mudança não só é possível e necessária, ela está ocorrendo, ora lentamente, ora por choques violentos. Mas é um processo político-social que não respeita o nosso tempo e impaciência individual. Para aqueles que estão há mais de 10 anos na SEEDF não é difícil perceber, apesar de todo cansaço, que o acúmulo das experiências coletivas da categoria têm fortalecido um aprendizado histórico de desconfiança e crítica ao atual modelo sindical apodrecido. Não é difícil perceber que há uma mudança geracional, de jovens e combativos professores submetidos a contratos temporários, que não se encaixam nem se submetem ao velho modelo sindical.
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