O Jornal Amigo do Povo coloca as suas forças para divulgar e solidarizar sobre o caso do militante anarquista italiano encarcerado, Alfredo Cospito, que está em greve de fome há mais de 100 dias, desde do dia 20 de outubro de 2022 na Itália.
O motivo da greve de fome é lutar e dar visibilidade sobre o sistema de detenção italiano chamado “41 bis” voltado para integrantes e chefes das máfias italianas com uma série de irregularidades e procedimentos autoritários considerando as convenções internacionais de direitos a presidiários. Entre as medidas desse sistema estão: apenas uma visita por mês, de uma hora, totalmente gravada e registada através do vídeo, e com um vidro de divisão entre as duas pessoas; não mais de 3 livros por mês, dos quais um tem que ser um texto religioso, e outro o código penal; a hora no pátio é permitida apenas 2 vezes cada dia, com 3 pessoas escolhidas pela administração prisional; a cela tem dimensões horríveis de 2,50 x 1,50 metros, basicamente o tamanho da cama e pouco mais, todas essas medidas são uma espécie de tortura psicológica para todos os detentos.
Alfredo se encontra preso acusado de um crime tipificado como “massacre com finalidade política’’ condenado a prisão perpétua devido a uma explosão acontecida há 16 anos, aonde não houve nem feridos, nem vítimas, mostrando como a condenação foi desproporcional e parcial comparada a outros julgamentos de casos similares.
Atualmente as condições de saúde de Alfredo estão bem deterioradas, não conseguindo mais andar e nem aquecer o próprio corpo, segundo os últimos boletins médicos lhe restam poucos dias de vida, mas ele decidiu levar até as últimas consequências a sua greve de fome em nome da luta. No dia 11 de fevereiro Alfredo foi transferido para um hospital por ordem do ministro da Justiça Carlo Nordio. A transferência foi marcada por protestos em solidariedade e enfrentamentos com as forças repressivas da cidade.
Sua luta, mesmo que solitária e individual, está dando muita visibilidade sobre o sistema prisional “41 bis” e repercutindo na sociedade italiana e no mundo inteiro. Os políticos como sempre tentam difamar a natureza da luta, qualificando Alfredo e seus apoiadores de “terroristas e com ligações com máfia”, porém, a repercussão na Itália e no mundo só tem aumentado a solidariedade à Alfredo Cospito e a crítica aos modelos autoritários dos presídios e em defesa da luta anticárcere em geral.
O apoio aos presos políticos e também a luta contra avanço do estado exceção a nível mundial, seja contra militantes ou contra pobres e povos oprimidos, também é uma luta das massas populares e dos revolucionários. O perfil dos presidiários no Brasil é de negros e pobres, pois como diz o hino da Internacional: “Crime de rico a lei o cobre, O Estado esmaga o oprimido. Não há direitos para o pobre. Ao rico tudo é permitido”.
Nesse sentido, é importante aos revolucionários e militantes do povo aproveitar a repercussão internacional do caso de Alfredo e ligar ao contexto das lutas por direitos de presidiários no Brasil e contra criminalização de movimento sociais com a luta internacional. O aprofundamento da crise internacional e das guerras anunciam um futuro obscuro com aumento da perseguição e repressão ao proletariado em todo mundo. Nos preparemos mais e mais, com solidariedade, autodefesa e ação direta.
Além de protestos individuais, é necessário que essas lutas de lobos solitários evoluam para uma grande luta coletiva e organizada. Aqui no Brasil existem condições de organizar famílias de presidiários em rede de apoio mútuo com uma linha revolucionária de disputa para esses setores marginalizados, muitos vezes estigmatizados devido a falta de consciência de classe, mas que podem ter toda potência revolucionaria como Bakunin defendia sobre a disputa do “bandoleirismo popular”. Os revolucionários devem ser debruçar para resolver uma série de dilemas e contradições que existem dentro do povo, para isso a importância das organizações anarquistas e organizações de massas terem linhas para diversidade que se encontra o povo.
Nós bakuninistas do Brasil nos juntamos a luta internacional pela liberdade de Alfredo Cospito, pelo fim do sistema 41bis e contra o sistema carcerário que massacra e oprime as massas populares no Brasil e em todo mundo.