70 anos da revolta de Trombas e Formoso

Publicada no Jornal O Amigo do Povo, nº11, Novembro/Dezembro de 2024.

Érico.

A região que atualmente integra o norte goiano, esteve no centro de uma revolta entre os anos de 1954-1957. Trombas e Formoso foram povoados por posseiros entre 1940 e 1950, em terras sem destinação. Logo cedo, a região passou a ser de interesse de algozes dos trabalhadores do campo: grileiros apoiados pela polícia goiana, que tentavam roubar as terras dos trabalhadores. A região passou a interessar pelos rumos da construção da nova capital do país e da construção de uma rodovia, a Belém-Brasília (BR-153).

Como forma de oprimir os camponeses nos períodos de colheita, os grileiros chegavam com jagunços e a polícia para requerer metade do que era produzido pelos trabalhadores nas plantações. Com a crescente perseguição, os trabalhadores passaram a se organizar. Fundaram a Associação dos Lavradores e os Conselhos de Córrego, que funcionavam como entidade base nos territórios. Nesses conselhos organizavam mutirões para que as famílias tivessem alimentos, além de realizarem deliberações coletivas, respeitando a coletividade e nunca autoritário. Continuar a ler

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General Manoel Padeiro, o líder quilombola que ameaçou o regime escravista no Rio Grande do Sul

Publicada no Jornal O Amigo do Povo, nº11, Novembro/Dezembro de 2024.

Aurora.

Os quilombos como resistência a escravidão já, felizmente, fazem parte do imaginário anti-escravista da história brasileira. Zumbi dos Palmares e Dandara são ícones que conhecidos, sendo o dia da consciência negra, criado oficialmente como referência ao dia da morte de Zumbi.

Entretanto, outras experiências da resistência quilombola que existiram e existem em quase a totalidade do território nacional, encontram-se esquecidas na história do país. Na região do Sul, pouco se fala do escravismo, sendo a região relacionada preliminarmente a uma memória republicana, com uma agricultura desenvolvida pelo trabalhador livre (e muitas vezes associada ao imigrante europeu). Como consequência do negligenciamento da discussão sobre a escravidão houve também um apagamento das resistências históricas do povo negro ao regime escravista também existente na região. Continuar a ler

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Ambulantes, precisamos nos organizar!

Publicada no Jornal O Amigo do Povo, nº11, Novembro/Dezembro de 2024.

Guina, ambulante militante do GLP

Foto: Propaganda do jornal O Amigo do Povo em banca de ambulante em Goiânia.

Nas feiras, pelas ruas, nos parques da cidade, nos semáforos, nas calçadas de avenidas movimentadas, sem garantia de ganho mínimo e nem do tamanho da jornada, não somos donos dos pontos de trabalho, somente das oportunidades de venda que passam por onde montamos nossos expositores e bancas, por onde nem sempre somos bem vindos. A clandestinidade e o risco seriam ainda boas companheiras se viessem junto com a autonomia para o trabalho, porém muito de nós passa por isso tudo de forma terceirizada, gerando riqueza e lucro para patrões, algo que um vendedor ambulante não deveria ter, mas que já é uma situação bastante comum entre quem vive de venda ambulante.

Verdadeiras empresas clandestinas obtém lucro transformando trabalhadores independentes em funcionários, tirando vantagem de driblar direitos trabalhistas e condições dignas de trabalho que deveriam fornecer como empregadores formais.

Essa condição de exploração dos trabalhadores informais só se tornou possível pelo desmonte da cultura de organização dos trabalhadores por eles mesmos. Nenhum direito trabalhista foi presente de político como tentaram nos ensinar, nenhum dos direitos que eles atacam e destroem sempre que podem saiu da cabeça de nenhum deles, todos foram pensados por trabalhadores organizados que provaram ter razão sobre tudo que exigiam. Continuar a ler

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Autodisciplina e disciplina mecânica na era dos coaches

Publicada no Jornal O Amigo do Povo, nº11, Novembro/Dezembro de 2024.

J.C. Ramos

A indisciplina na militância é frequentemente discutida, é generalizada a frouxidão na adesão dos indivíduos às normas e ao programa de organizações e partidos. A indisciplina é um obstáculo para a organização e o cumprimento desde tarefas simples às complexas, oque afeta o desenvolvimento do trabalho politico cotidiano.

Há tempos a disciplina é um tema em disputa. Lênin argumentava que a disciplina devia ser proletária, aquela adquirida nas fábricas (disciplina mecânica), enquanto Rosa Luxemburgo criticou essa visão, associando-a a uma reprodução do Estado burguês e propondo a autodisciplina como uma alternativa que rompia a hierarquia e que buscava uma reeducação por meio da práxis política. Bakunin, revolucionário da geração anterior a eles e também defensor da autodisciplina, ora foi um inimigo ferrenho de modelos disciplinares mais rígidos, outrora visou encontrar um meio-termo e defendeu que na ação politica uns deviam dirigir e ordenar, outros executar as ordens. Mas nenhuma função de comando deveria se petrificar. Continuar a ler

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Avançar a luta pelo fim da escala 6×1 com luta e organização popular pela base

Panfleto do Grupo Libertação Popular (GLP), novembro de 2024 [ BAIXE EM PDF ]

A Realidade Precária do Trabalho 6×1

Hoje, milhões de trabalhadores brasileiros estão sujeitos à escala 6×1. Setores como comércio, serviços, bares, restaurantes, shoppings e supermercados seguem essa jornada de trabalho exaustiva e precarizante, em que a jornada pode chegar a 7 horas e 20 minutos, seis vezes por semana, com apenas um dia de folga. De acordo com o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), só no comércio são 10,5 milhões de trabalhadores enfrentando essa rotina desgastante, submetidos a longas jornadas e a uma constante pressão por produtividade.

Esse sistema impõe um ciclo prejudicial que limita o tempo de descanso e lazer, agravando o quadro de exaustão e comprometendo a saúde física e mental de milhões de trabalhadores.

O mérito e os limites do Movimento VAT: é preciso ir além

O movimento “Vida Além do Trabalho” (VAT) surgiu no ano passado nas redes sociais, com forte repercussão no TikTok, ganhando seguidores que também sofrem com a escala 6×1. Liderado por Rick Azevedo, ex-balconista de farmácia e vereador pelo PSOL no Rio de Janeiro, o movimento tem seus méritos por dar visibilidade à causa, mas sua estratégia mostra-se fortemente orientada para o eleitoralismo, com foco em sensibilizar parlamentares e construir candidaturas “dos trabalhadores” – dentro do mundo burguês. Como já indicou Marx, o “Estado é o balcão de negócios da burguesia,” e essa estratégia tende a tirar o protagonismo dos trabalhadores comuns. Continuar a ler

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Catadores de Goiânia paralisam a Coleta Seletiva em resposta à crescente precarização

Desde o dia 07 de novembro de 2024, os catadores das cooperativas de Goiânia suspenderam a coleta seletiva em resposta à crescente precarização do serviço e à indiferença do poder público. Frente a uma crise que atinge diretamente o trabalho digno e a sobrevivência dos catadores, a ação direta dos trabalhadores surge como a única resposta possível aos crescentes ataques à categoria.

A luta e a organização dos catadores são as únicas ferramentas capazes de gerar força e resistência para enfrentar o descaso da “máfia do lixo”, que tenta monopolizar e lucrar com o descarte de materiais recicláveis, em detrimento das cooperativas e associações que, há mais de uma década, buscam o sustento de suas famílias com esse trabalho essencial para a cidade e para o meio ambiente.
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DF | As eleições do SINPRO e a unidade das oposições

Grupo Libertação Popular (GLP-DF) – Brasília, Outubro de 2024.


Esse texto é dirigido a todos os professores da rede básica de Educação do Distrito Federal, efetivos e temporários, aposentados, filiados e não-filiados ao sindicato, em especial aos professores que, com um grande senso de justiça e indignação, se opõem a atual diretoria do SINPRO, se organizando ou não em grupos e movimentos de oposição. É um chamado à reflexão, ao debate e à luta. As coisas não vão bem, mas podem piorar ainda mais. Só com nossa luta e união poderemos mudar essa realidade.

A nossa situação atual

Vivemos uma década de arrocho salarial e perda de direitos, uma expansão desenfreada do trabalho temporário, a criação e consolidação de escolas militarizadas, a privatização da educação infantil através de “parcerias”, o sucateamento e desvalorização da formação continuada, a incompetência e a lógica neoliberal do Novo Ensino Médio, e como se não bastasse, nas últimas semanas trabalhamos debaixo de fumaça e com a ameaça de novo ataque à previdência com a PEC 66. Tudo isso tem gerado adoecimento físico e psicológico da nossa categoria, em um clima de cansaço e desesperança.

Todos esses retrocessos são marcas dos últimos governos do DF, de esquerda e de direita, mas também da atual diretoria do SINPRO. A destruição da campanha salarial desse ano é de inteira responsabilidade deles. A pífia “luta” contra a PEC 66 demonstra a inutilidade também da CUT e da CNTE, quando o mínimo seriam dias nacionais de greves e mobilizações, marchas à Brasília, etc. A diretoria do SINPRO (PT e PCdoB) tem sido incapaz de gerar a confiança na base de que a nossa luta e organização podem conquistar direitos e melhorias. Seus métodos e táticas falidas desmoralizam a luta sindical, quando muito orientam pelo “menos pior” ou participam de mil eventinhos institucionais e negociatas de gabinete e as apresentam cinicamente como “vitórias da luta”, enquanto na realidade amargamos uma avalanche de derrotas e retrocessos. Continuar a ler

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Formação Básica do Militante do Povo – Volume 1

[ BAIXE A CARTILHA EM PDF ]


Você tem em mãos o primeiro volume da cartilha de Formação Básica de Militantes do Povo com a temática “Trabalho de base, perfil militante e análise de conjuntura”. Essa publicação é um marco fundamental na construção e formação interna do Grupo Libertação Popular (GLP). Todo militante deve estar consciente da responsabilidade histórica de nossa luta para melhorar as condições de vida das massas populares e, acima de tudo, da importância do aprofundamento teórico para alcançar nossos objetivos estratégicos.

A Importância da Teoria, Organização e do Método Materialista de Mobilização

Sem teoria revolucionária, não pode haver movimento revolucionário. A frase de Lênin expressa com clareza a necessidade da teoria como base para a ação política concreta. É a partir de uma sólida fundamentação teórica que conseguimos organizar e mobilizar as massas populares de forma eficaz, construindo uma prática orientada por princípios materialistas e dialéticos.

Nosso método de trabalho de base deve ser guiado pela compreensão materialista das condições objetivas da sociedade. A realidade deve ser analisada e transformada de acordo com as contradições que emergem da luta de classes. A organização é, portanto, o pilar de sustentação que nos permite avançar em nossa atuação. Sem organização, não há transformação. Cada militante deve estar engajado em fortalecer nossas estruturas e garantir a continuidade de nossa luta por meio de um trabalho disciplinado e consciente. Continuar a ler

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Solidariedade à luta camponesa do Engenho Barro Branco

O Grupo Libertação Popular (GLP) reafirma a sua total solidariedade à resistência dos camponeses posseiros do Engenho Barro Branco, no município de Jaqueira em Pernambuco.

Os posseiros, organizados na Liga dos Camponeses Pobres (LCP), tem sido alvos de ataques constantes do grupo paramilitar “Invasão Zero” em conluio com as forças repressivas do Estado, que já deixaram camponeses e apoiadores feridos. Frente aos ataques covardes os camponeses tem organizado uma notável resistência com a autodefesa das massas.

No dia 28 de setembro os criminosos do “Invasão Zero” organizaram o seu maior ataque aos posseiros, mas encontraram uma determinação de luta ainda maior, que os derrotou e os fez recuar. A vitória dos posseiros está sendo chamada de “Batalha de Barro Branco”. A primeira que se tem notícia em que esse grupo paramilitar foi derrotado. Estejamos atentos aos próximos acontecimentos, pois o inimigo é covarde e traiçoeiro. Continuar a ler

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DF | Debate “Sol Nascente: da luta por moradia à luta por vida digna”

Brasília foi construída pelo suor dos trabalhadores que nem puderam usufruir do melhor da cidade. Assim como a Ceilândia, o Sol Nascente nasceu da necessidade básica e urgente por moradia, que até hoje é direito precário, desigual e excludente. Hoje os cerca de 95 mil habitantes do Sol Nascente e Pôr-do-Sol, carecem de direitos básicos como moradia, ruas asfaltadas, transporte público, escolas, postos de saúde, saneamento básico, coleta de lixo, lazer e trabalho seguro.

Enquanto isso, em nossa comunidade, os jovens são afetados pelo desemprego e trabalhos precários. São 41,3% dos jovens que não conseguem trabalho, fruto de uma escolarização precária, e de trabalhos em locais distantes. Nisso, restam os trabalhos com baixa remuneração, trabalhos informais, mal pagos e sem segurança de direitos trabalhistas. As famílias que dependem de auxílio socioeconômico sequer conseguem marcar seus atendimentos nos CREAS pela falta de vagas e de estrutura própria da assistência social na comunidade.

Eleição após eleição, governo após governo, recebemos políticos que prometem melhorias que demoram tempos a serem concretizadas, outras nunca são entregues, nos deixando refém de muitos problemas. Para mudarmos esses cenários de horror, convidamos você a participar do debate “SOL NASCENTE: DA LUTA POR MORADIA À LUTA POR VIDA DIGNA” que ocorrerá na Quadra 700, no Bloco G1 do condomínio Parque do Sol, Vila Madureira no dia 9 de Novembro às 9h.

Esse é um primeiro, mas importante passo para organizarmos a luta por melhorias em nossa comunidade e em todo o Sol Nascente. Queremos debater uma comunidade unida, organizada em prol das nossas demandas, com independência de apadrinhamentos político, construindo com nossas próprias mãos um Sol Nascente mais justo e digno para todos nós!

Nós acreditamos que é necessário uma comunidade unida e organizada para lutar!

Unidos somos muitos, organizados somos fortes!

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