Matéria do Jornal O Amigo do Povo, nº6, Julho/Agosto/Setembro de 2023.
Aurora
Os territórios autônomos zapatista da região de Ocosingo, Chiapas, vem enfrentando diversos intentos de desalojamento por parte de grupos paramilitares. A ORCAO (Organização Regional de Cafeicultuores de Ocosingo) é um dos principais grupos que vem protagonizado ataques às comunidades autônomas, em especial as pertencentes a região autônoma Moisés y Gandhi.
Desde 2019 as denúncias se multiplicam. Os zapatistas já tiveram que lidar com a destruição de suas plantações, com a queima da mercearia Arco Íris, tiros direcionados às escolas autônomas, com o sequestro e tortura de membros das comunidades. Recentemente em meio aos intensos tiroteios que assombram a região um promotor de saúde zapatista de 22 anos, Jorge López Sántiz, foi alvejado. A sua situação de saúde ainda é delicada.
Já no município de Huixtan, Chiapas, a comunidade autônoma de Nuevo San Gregório, sofre com o cercamento de suas terras, do acesso ao rio que abastece as famílias, da escola, com a sabotagem em seu sistema de irrigação e com intimidações. Esta situação, que perdura desde o fim de 2019, tem impedido as famílias de produzir seu alimento, das crianças frequentarem a escola. O ataque a economia autônoma é severo e teve como consequência o recente desalojamento das famílias que ali viviam.
Em meio a esses ataques sistemáticos aos territórios autônomos os governos federal e municipal “de esquerda” não apenas são omissos frente a essas situações como também vem construindo estratégias de deslegitimação dos zapatistas, ridicularização de seus apoiadores, bem como de minimização do conflito. O presidente do México chegou a falar que tanto os apoiadores quanto os próprios zapatistas se assemelhavam aos reacionários, que ao chamarem para não votar, quando ele se candidatou, colaboraram com o narco-estado que existia no México até então. O que podemos perceber é que quando se coloca em curso um projeto autonômico todo Estado, seja ele governado pela esquerda ou pela direita, vai agir de forma a desmantelá-lo.
Como vemos, no México paramilitares e Estado, cada um a seu modo, desempenham um papel contrainsurgente. Diante desse contexto, na primeira semana de junho foi realizado um chamado a solidariedade nacional e internacional e na Cidade do México uma marcha tomou conta das ruas da metrópole. É por isso que defendemos que contra a união dos de cima, devemos fortalecer a solidariedade entre os de baixo. Nenhum território autônomo e revolucionário a menos! Nós do jornal O Amigo do Povo nos somamos e reiteramos nosso apoio as comunidades indígenas zapatistas! ■