As eleições municipais e o oportunismo dos partidos

Publicado no Jornal O Amigo do Povo, nº8, Fevereiro/Março/Abril de 2024.

Érico

Na toa da polarização eleitoral que caracterizou a última disputa para a presidência da república, Bolsonaro (PL) e Lula (PT) se fazem cabos eleitorais para fortalecer seus apoios em capitais e regiões metropolitanas. Como parte do sistema eleitoral da democracia burguesa, o cinismo inerente a quem disputa este sistema é demonstrado nas alianças de quem se fará carrasco dos trabalhadores, inclusive, e não poderia ser diferente, a esquerda institucional.

É o caso recente da aliança entre Boulos (PSOL) e Marta Suplicy (de volta ao PT), que compunha o alto escalão da gestão de Ricardo Nunes (MDB) na prefeitura de São Paulo. PSOL e PT demonstram cada vez mais sólida aliança, e apostam tudo no retorno às prefeituras. Outros exemplos podem ser dados, como no caso de políticos de partidos direitistas que compõe a base do governo Lula, mas deixam seus partidos para se filiarem aos de centro-esquerda e esquerda, com o intuito de se aproximarem do presidente. É o caso de Yves Ribeiro (ex-MDB) em Pernambuco, que deixou o partido para filiar-se ao PT, numa articulação conduzida por Carlos Veras (PT), deputado federal pelo Pernambuco.

Sem novidades, a prática das esquerdas, dos partidos eleitorais, é a mobilização de nomes, representantes e lideranças políticas para energizarem a disputa pelas cadeiras de vereadores e prefeitos nos municípios. A reconquista eleitoral chantageia e enfraquece movimentos e demandas sociais urgentes. Enquanto isto, problemas locais (e nacionais) básicos como a precarização do trabalho, educação, moradia, saúde, mobilidade, se arrastam, sem parecer invocar à luta real, tais lideranças e partidos.

As alianças e interesses próprios dos partidos e políticos nas eleições municipais servem para manter e perpetuar a dominação sobre a exploração dos trabalhadores, enquanto as elites econômicas e políticas se aproveitam dos novos capatazes do sistema para enriquecer e crescer sobre e às custas do povo.

Nossa urgente necessidade é a reorganização da classe trabalhadora e dos desfavorecidos em torno das questões reais e cotidianas, que nos levem a independência de classe, a unidade das lutas, especialmente em torno das camadas precarizadas do povo, saltando os divisionismos e a confiança na provisão das instituições políticas e de Estado, esta que nunca virá para nós! ■

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